Safra de soja acima do esperado no Rio Grande do Sul causa dificuldades no escoamento e no armazenamento

Apesar da importância da safra recorde de soja registrada em 2017 no Rio Grande do Sul para a economia do estado, os bons resultados do campo causam dois problemas para os agricultores: a falta de espaço para armazenar os grãos e a dificuldade para escoar os produtos. “Hoje estamos lotados e não podemos atender mais o pessoal que está nos pedindo”, disse o empresário Carlos Eduardo Pinto, dono de uma empresa de Cruz Alta, no noroeste do estado, que teve de alugar um espaço a mais para conseguir armazenar toda a produção.

Nem sempre a medida é suficiente. Alguns produtores precisaram guardar a soja dentro de silos plásticos, que inicialmente seriam usados apenas para colocar trigo e milho. “A hora que liberar um silo, jogamos tudo para lá. Seria melhor que houvesse recursos com juros baixos para investirmos mais em armazém, que é mais seguro”, disse o cerealista Clóvis Werlang. O produtor também reclama do escoamento do porto de Rio Grande, que, segundo ele, não dá vasão devido ao tamanho. “A estrutura do porto devia ser ampliada, e bastante”.

A cada dia, cerca de dois mil caminhões descarregam soja no porto do sul do estado. Dos terminais, os grãos seguem até os navios. Alguns, no entanto, não conseguem embarcar. A profundidade no canal de navegação é de 12,8 metros. Desde o início da semana, a direção do vento mudou e a maré fez o nível da água baixar. Para piorar, o canal não é dragado desde 2012, o que aumenta o risco das embarcações encalharem.

Sem embarques, falta espaço nos armazéns e nos pátios de espera para os caminhoneiros. “Uma das poucas coisas boas que está funcionando no nosso estado é a agricultura. Nós temos que ter uma solução emergencial para esse problema que está acontecendo, não podemos ficar dependendo de São Pedro”, disse o gerente de operações do terminal, Antônio Carlos Bacchieri Duarte. “Se não sair a carga, eu tenho que parar.”

Em julho de 2015, o governo federal assinou um contrato de R$ 368 milhões para dragar o canal de navegação do porto. Quase dois anos depois, a obra ainda não começou. “Foi adiada por questões de recursos orçamentários e nós, da autoridade portuária do porto de Rio Grande, temos uma expectativa bem positiva de que esse processo de execução da dragagem possa iniciar em julho-agosto para que essa situação seja corrigida e melhorada no canal”, disse o diretor do porto de Rio Grande, Darci Tartari.

 

Fonte: G1

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