Relatório semanal Safras & Mercado: soja, milho e trigo

Preços da soja acompanham Chicago e mercado ganha ritmo

Os preços da soja subiram na semana nas principais praças do País, acompanhando a valorização dos contratos futuros na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). A firmeza do dólar completou o quadro positivo para as cotações internas.

A movimentação vem ganhando ritmo. Mesmo com preços ainda pouco atrativos, os produtores estão aproveitando qualquer repique de Chicago e do dólar para negociar e cumprir com compromissos mais urgentes.

Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos subiu de R$ 63,00 para R$ 64,00 entre os dias 27 de abril e 4 de maio. No mesmo período, a cotação passou de R$ 63,20 para R$ 64,00 em Cascavel (PR).

Em Rondonópolis (MT), o preço avançou de R$ 58,00 para R$ 58,50. Em Dourados (MS), a cotação subiu de R$ 54,50 para R$ 55,00. Em Rio Verde (GO), a saca passou de R$ 60,00 para R$ 60,50.

A firmeza doméstica foi determina pelo desempenho positivo do mercado futuro internacional. Os contratos com vencimento em maio subiram 1,78% no período, encerrando a quinta-feira na casa de US$ 9,74 ¼ o bushel.

A recuperação em Chicago teve caráter técnico e ganhou respaldo com o excesso de chuvas em algumas regiões produtoras dos Estados Unidos, o que poderia acarretar em atraso no plantio. Mas o clima já estabilizou e o cenário fundamental segue negativo aos preços.

É importante destacar que nesse momento um possível atraso nos trabalhos por conta do excesso de chuvas poderia ser considerado mais um fator de pressão para a soja. A janela de plantio do milho se fecha antes e uma atraso poderia acarretar em uma transferência ainda maior de área para a oleaginosa.

Para a próxima semana, destaque para o relatório de maio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado na quarta-feira. Na quinta-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualiza a sua estimativa para a safra 2016/17.

Dylan Della Pasqua/Agência Safras

 

Mercado de milho mantém negociações pontuais e atenção nos leilões

O mercado brasileiro de milho manteve negociações apenas pontuais no decorrer dessa semana, apenas para preencher alguma necessidade mais urgente de compradores ou vendedores. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, para a safrinha os negócios se tornaram mais volumosos no decorrer da semana.

Segundo Iglesias, o resultado dos leilões desta semana aponta para boa aceitação do PEPRO e para um fraco resultado do PEP. “O retorno do prêmio no PEPRO é mais rápido para as tradings, o que gera maior interesse nessa modalidade. Já o PEP possui um mecanismo mais complexo que leva a um retorno mais demorado, resultando em um menor interesse”, afirma.

Não houve grandes alterações nos preços nas principais praças de comercialização do Brasil. Entretanto, em algumas áreas as cotações avançaram com a oferta mais limitada. Na Mogiana paulista, a cotação avançou de R$ 26,50 para R$ 28,00 a saca de 60 quilos. O preço Campinas CIF subiu de R$ 28,50 para R$ 30,00.

Já em outras áreas o mercado ainda teve cotações pressionadas. Em Cascavel, no Paraná, o preço caiu de R$ 26,00 para R$ 25,50. Em Rio Verde, Goiás, a saca caiu de R$ 24,50 para R$ 23,50.

Leilões

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) negociou 164.100 toneladas de milho em grãos a granel no leilão de PEPRO, aviso 094/2017, realizado nesta quinta-feira. A demanda foi de 82,06% da oferta de 200.000 toneladas colocadas à venda.

Já no leilão de PEP de milho desta quinta-feira da Conab, aviso 095/17, foram negociadas 19.200 toneladas, representando apenas 9,6% das 200.000 toneladas de milho em grãos a granel ofertadas.

Somando com as 200.000 toneladas de PEPRO ofertadas, das 400.000 toneladas ofertadas, a Conab negociou 183.300 toneladas, representando 45,8% do volume ofertado.

A Conab negociou ainda 7.400 contratos de opções (200.000 toneladas) em leilão nesta quinta-feira, a totalidade da oferta. O prêmio foi de R$ 456,00 por contrato. Cada contrato tem 27 toneladas.

Lessandro Carvalho/Agência Safras

 

Trigo tende a ter mais liquidez e menor volume importado no Brasil

O mercado brasileiro de trigo iniciou o mês de maio apresentando uma tendência de melhora na liquidez interna, com uma evolução da comercialização. Segundo o analista de Safras & Mercado, Jonathan Pinheiro, deve-se considerar que os produtores, com o encerramento da colheita da safra das culturas de verão, terão novamente suas atenções voltadas às culturas de inverno, além de uma maior disponibilidade da logística nacional para o escoamento da produção de trigo.

“Vale ressaltar que o mercado aguarda para a próxima semana os números da balança comercial brasileira de trigo, que poderá indicar uma redução maior das importações do grão, tendo em vista fatores como uma elevação da taxa cambial, além de uma redução significativa da disponibilidade de trigo nos principais fornecedores do cereal ao Brasil, ou seja, Argentina e Paraguai, no Mercosul”, disse.

No Paraná, maior produtor nacional do grão, o Departamento de Economia Rural (Deral),da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do estado, informou que o plantio de trigo para a safra 2017/18 atinge 27% da área estimada. Segundo o Deral, 100% das lavouras estão em boas condições, divididas entre as fases de germinação (49%) e crescimento vegetativo (51%).

Safra global

A produção mundial de trigo em 2017/18 deverá totalizar 740.4 milhões de toneladas, contra 760.3 milhões do ano anterior. A estimativa faz parte do relatório de maio do Sistema de Informação do Mercado Agrícola (Amis), órgão do G-20 para divulgar dados de oferta e demanda das principais commodities globais. A estimativa anterior para 2017/18 era de 739.9 milhões de toneladas.

Após a safra recorde do ano anterior, a previsão de produções menores na Austrália, Canadá, Rússia e Estados Unidos deve determinar este corte. O Amis indica que os estoques finais deverão ficar em 247.6 milhões de toneladas. No ano anterior, o estoque totalizou 239.6 milhões de toneladas. Em abril, a previsão era de 246.6 milhões de toneladas.

O USDA estimou uma produção global de 751.4 milhões e estoques finais de 252.3 milhões de toneladas para 2016/17. O Conselho Internacional de Grãos (CIG) indica safra de 736.3 milhões de toneladas e estoques de 239 milhões de toneladas para 2017/18.

Gabriel Nascimento/Agência Safras

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