Relação de troca entre milho e fertilizantes pede cautela neste momento

Tivemos um cenário favorável no ano passado entre os meses de julho e agosto, mas depois disso a situação foi piorando – Fotos de banco de imagens por Vecteezy

O preço do milho iniciou 2024 com uma queda substancial na bolsa de futuros com recuo médio de 8%. Entretanto, desde a última terça-feira (16), há sinais de recuperação sinalizada pelo preço deste cereal, mas o analista de mercado de soja e milho, e diretor da empresa Agrosecurity, Fernando Pimentel, alerta que a relação de troca entre milho e fertilizantes ainda exige cautela.

“Sobre a questão da paridade, da relação de troca entre os fertilizantes, não estamos no melhor momento, principalmente com relação à ureia. Tivemos um cenário favorável no ano passado entre os meses de julho e agosto, mas depois disso a situação foi piorando, em termos de custo da ureia, ao passo que o preço do milho também foi perdendo força”.

Preços do milho

Vale salientar que a reação do preço do milho deve ser um pouco mais lenta agora, devido às quedas deste produto em Chicago. “As quedas, principalmente da soja, acabaram puxando o milho para baixo, embora eu acredite que teremos problema de suprimento de milho no segundo semestre com uma pressão grande no mercado. Claro que podemos reduzir a exportação de 55,2 milhões de toneladas para 35 milhões de toneladas, mas vai haver uma disputa em relação aos preços de exportação e preços do mercado interno”, enfatizou o diretor da Agrosecurity.

Preço de exportação e câmbio

O analista de mercado de soja e milho levantou outro ponto a ser considerado. “É preciso entender onde o preço de exportação vai parar e, principalmente, o câmbio. Se o governo não for muito responsável no conceito da política fiscal, poderemos ter uma desvalorização do real e, aí sim, o milho dará o salto um pouco mais forte”.

Fernando Pimentel, diretor da Agrosecurity Consultoria.

Contudo, Fernando Pimentel, também representante da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) na Câmara Temática Modernização do Crédito, em Brasília, ressaltou ainda que caso tenhamos uma oscilação do câmbio entre 4,60 e 4,80, iremos continuar com o preço de milho um pouco deprimido. “Chicago não vai nos entregar altas muito significativas, a menos que a safra americana tenha problema já a partir de abril a junho. É quando teremos uma melhor visão do risco de clima nos EUA para o milho”.

Para quem não comprou fertilizantes, antecipadamente, o jeito é assumir os riscos de adquirir este produto já com o calendário de plantio se aproximando em meio a um período desfavorável. “É hora de agir com cautela, porque não temos garantia de uma forte recuperação dos preços do milho.

Expectativa

A expectativa é de uma recuperação de preços, considerando que vai haver redução de área de milho – 2ª safra, e vai haver redução de tecnologia também. “Há a previsão da venda de sementes de híbridos de qualidade inferior e uma redução eventual de aplicação dos fertilizantes. Enfim deverá ser uma safra não tão tecnológica, mas de qualquer forma, teremos volume de milho suficiente para o suprimento interno e exportação. Mas a medida da exportação vai depender realmente da competitividade dos preços interno e externo”, finalizou o analista de mercado.

Por Larissa Machado
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