Diante das dificuldades na obtenção de crédito junto aos bancos tradicionais, cada vez mais produtores rurais brasileiros estão buscando outras fontes para o financiamento da safra 2015/16. É o que revela a 2ª Sondagem de Mercado da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) e OCB (Organização de Cooperativas Brasileiras), divulgada na última quarta-feira, 23 de março.
A porcentagem bancada por instituições financeiras caiu de 51% (safra 2014/15) para 42% no ciclo atual (dados coletados no segundo trimestre de 2015). Além dos bancos, as tradings também perderam espaço com fonte de “funding”, caindo de 3% para 2%. Como alternativa, os agricultores têm custeado a produção com capital próprio, o que levou a um aumento de 35% para 41% neste tipo de modalidade.
Os produtores buscaram também as cooperativas, expressando um crescimento de 8% para 10% na mesma base de comparação. Ainda de acordo com sondagem da Fiesp, durante o quarto trimestre de 2015, as revendas passaram a ter participação de 3% – aumento de um ponto percentual, enquanto a fatia financiada pelas indústrias atingiu 2%: o dobro do percentual registrado da última vez.
“Em função do aumento dos custos de produção da atual safra, observados principalmente pela desvalorização do câmbio, o produtor se viu obrigado a recorrer a outras fontes para financiar suas necessidades de custeio. Neste cenário, as cooperativas – pelo relacionamento direto com seus associados – possibilitaram que os produtores mantivessem os níveis de investimento e expansão dos seus negócios, via operações de troca e compra direta de insumos com prazos adequados, servindo como uma importante opção para financiamento de suas operações”, disse o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas.
Também o gerente do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Antonio Carlos Costa, comentou que ainda há receio por parte dos produtores com as dificuldades enfrentadas no ano passado: “A preocupação se justifica a partir do momento em que a pesquisa mostra que a maior parte dos agricultores concentra a compra de insumos para a safra de verão entre os meses de março a maio. Com o atraso da liberação dos recursos do crédito rural no ano passado, muitos produtores se viram forçados a revisar o planejamento das compras”.
Maioria dos insumos é distribuída por cooperativas no Brasil
As cooperativas já representam o principal canal de distribuição de defensivos, corretivos, fertilizantes e sementes para os produtores brasileiros. A dado aparece com destaque na 2ª Sondagem de Mercado da FIESP (Federação das Indústrias de SP) e OCB (Organização de Cooperativas Brasileiras), divulgada na última quarta-feira (23/03).
Considerando os insumos por categoria, 47% dos defensivos são comprados de cooperativas, 45% de revendas, 22% das indústrias e 3% das tradings e cerealistas. Nos fertilizantes, 48% vêm das cooperativas, 35% das revendas, 30% das indústrias e 5% das tradings e cerealistas. Já nas sementes, 41% são fornecidas pelas cooperativas, 39% por revendas, 26% pelas indústrias e 7% por tradings e cerealistas.
De acordo com a pesquisa, a maior parte das compras é paga pelos produtores à vista ou em até 180 dias. A exceção está nas aquisições de defensivos juntos a tradings, nas quais o pagamento geralmente é efetuado “até o final da colheita (prazo safra ou mais de 180 dias) e operações de “barter” (troca de insumos pelo produto agrícola)”, informa a FIESP.
Fonte: Agrolink