Criado em janeiro de 2021 por pecuaristas em Mato Grosso, o Instituto Agroambiental Araguaia, braço de operações do movimento Liga do Araguaia, está promovendo a conscientização e a adoção de práticas da pecuária sustentável na região do médio vale matogrossense.
Defendendo uma nova abordagem no modelo de desenvolvimento da pecuária na região, o Instituto, lançado oficialmente no final de abril, atua na defesa do mercado de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), no incentivo ao aumento da produtividade, com o foco na gestão da produção e de boas práticas agropecuárias, bem como na adoção de modelos de baixa emissão de gases do efeito estufa.
Contando, desde seu início, com o apoio de algumas empresas do setor e de membros fundadores, e aberto à adesão de novos membros e apoiadores, o Instituto responde pela administração e operação do movimento Liga do Araguaia, que até dezembro de 2020 era liderado pelo Grupo Roncador.
Voltado para o desenvolvimento rural sustentável no Mato Grosso, o movimento de pecuaristas engloba atualmente cerca de 62 fazendas, que correspondem a 149.000 hectares de pastagens com 47.000 hectares em processo de intensificação e um rebanho estimado de 130 mil cabeças.
Projetos
Iniciado em 2015, o movimento Liga do Araguaia implementa alguns projetos nas dimensões socioeconômicas e ambientais, entre eles, o Carbono Araguaia, voltado para o monitoramento da redução de emissões de gases do efeito estufa resultantes da adoção de práticas de pecuária sustentável; o Conserv Araguaia, que oferece compensação financeira a proprietários rurais que detenham em suas propriedades áreas de vegetação nativa excedentes às exigidas pelo Código Florestal, e que se disponham a mantê-las e preservá-las; e o Rebanho Araguaia, focado na melhoria da gestão produtiva e de sustentabilidade de 30 fazendas da região, com a realização de atividades de capacitação e acompanhamento.
Conexão
“Conectar a dimensão ambiental e produtiva é a mais nobre missão do Instituto Agroambiental Araguaia”, disse José Carlos Pedreira de Freitas, coordenador executivo do Instituto, durante a videoconferência de lançamento da entidade.
O evento teve como palestrantes o ex-ministro e indicado ao Prêmio Nobel da Paz Alysson Paolinelli – que foi homenageado à ocasião -, o empresário Caio Penido e o escritor e historiador Jorge Caldeira.
“É preciso acabar de uma vez com a equivocada cisão entre produzir e conservar, já que ambas as dimensões estão absolutamente conectadas, numa permanente sinergia entre a área de produção e os serviços prestados pela área de preservação”, afirmou Pedreira.
Alimentos
Considerado o maior líder da revolução na agricultura tropical nos últimos 40 anos, o ex-ministro Paolinelli afirmou que as fazendas do Vale do Araguaia representam a garantia de oferta de “alimentos produzidos de maneira sustentável, saudáveis e bons para toda a população mundial”.
Ainda durante o webinar, o ex-ministro destacou as tecnologias utilizadas atualmente no agro como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e os sistemas de irrigação, e acrescentou que, “com o lançamento do Instituto, a Liga do Araguaia prova que quer evoluir e mostra para o mundo um trabalho organizado e com a garantia de que nossa produção provém de um sistema sustentável”.
Ativos ambientais
O escritor Jorge Caldeira destacou a valorização dos ativos ambientais, informou que “nove das dez maiores economias do mundo colocaram o carbono neutro no norte de seu planejamento estratégico” e acrescentou que “o Brasil é “o maior instrumento de captura de carbono do planeta, uma fonte de receita por prestação de serviços ecossistêmicos”.
Caldeira Lembrou ainda que, no mundo atual, cerca de US$ 70 trilhões de capital privado estão disponíveis e prontos para serem investidos em ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa). “Estamos inaugurando uma nova era de potencial econômico para o Brasil e um caminho inexorável é transformar a própria natureza em valor econômico. Isso só será possível com a captura de carbono sistematizada”.
Agenda positiva
Já o pecuarista Caio Penido, um dos fundadores do Instituto, defendeu a conservação remunerada aliada a uma produção sustentável e ressaltou a importância de uma agenda positiva comum baseada no Código Florestal e no fato de o Brasil ter mais de 60% de sua vegetação nativa preservada, em grande parte dentro das fazendas. “Nosso produto carrega essa biodiversidade”, disse o produtor.
Acesse aqui mais informações sobre o movimento Liga do Araguaia.
Fonte: Instituto Agroambiental Araguaia
Equipe SNA