Na safra 1990/91, o Brasil plantou 9.5 milhões de hectares com milho na região centro-sul. Esses números consideram apenas a primeira safra, semeada no período de verão.
Em 2015/16, o País semeou apenas 3.3 milhões de hectares no mesmo período do ano. O resultado, quando se olha para a produção, é surpreendente.
Enquanto na primeira safra dos anos 1990 o volume produzido foi de 20.5 milhões de toneladas na região centro-sul, o da safra atual – com apenas 35% da área utilizada em relação à daquele período– é maior e atinge 22.5 milhões.
Esses números ficam mais claros quando se olha para a divulgação feita pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) nesta quinta-feira (10).
O Brasil, completamente fora da realidade mundial há alguns anos, quando se tratava de milho, caminha a passos largos para chegar ao patamar de produtividade dos principais líderes.
A produção do cereal em Mato Grosso do Sul, por exemplo, atingiu 9 toneladas, em média, por hectare na safra 2015/16.
Um recorde para o Estado, mas que tem área bem menor do que a dos principais produtores nacionais, como o Rio Grande do Sul e Minas Gerais (860.000 hectares cada um).
Esse volume se aproxima da produção média dos Estados Unidos, que fica próxima de 10 toneladas por hectare. Em alguns Estados norte-americanos, no entanto, a produtividade se eleva para 13 toneladas.
Na União Europeia, considerando a média dos países do bloco, a média de produção é de 7 toneladas por hectare. A média brasileira para a safra de verão é de 5,7 toneladas por hectare.
A MUDANÇA
Novas variedades de milho colocadas no mercado e produtores mais “profissionais” nesse setor puxaram a produção média brasileira para cima.
Em algumas regiões do Estado do Paraná, líder no passado na produção do cereal, a produtividade chega a 12 toneladas por hectare.
As novas tecnologias adotadas pelos produtores nas lavouras e uma demanda crescente pelo cereal, tanto no mercado interno como no externo, dão sustentação a essa evolução da produtividade.
A safra de verão, um período mais produtivo do que o da safra de inverno em várias regiões, perde espaço em área, mas ganha em volume.
A valorização da soja nos últimos anos fez com que os produtores dessem prioridade à oleaginosa na safra de verão, em detrimento da cultura do milho.
Mesmo assim, o aumento de produtividade compensou boa parte dessa queda da área semeada.
Nos últimos 15 anos, a área de milho caiu 46% no País durante a safra de verão, enquanto a produção teve queda de apenas 21% no período.
O Paraná é o exemplo mais representativo nessa mudança de comportamento dos produtores. No início dos anos 2000, o Estado utilizava 1.85 milhão de hectares para produzir milho no verão. Nesta safra, foram apenas 425.000 hectares.
Os dados desta quinta-feira da Conab indicam área total de milho no País – nas duas safras – de 15.5 milhões de hectares e uma produção de 83.5 milhões de toneladas.
A produção total de grãos deverá atingir 210.3 milhões de toneladas na safra 2015/16. A soja lidera, com 101.2 milhões de toneladas.
Fonte: Folha de S.Paulo