A produção mundial de ração para animais chegou a 980 milhões de toneladas no ano passado, segundo pesquisa realizada pela multinacional americana Alltech, que fabrica suplementos para produtos de nutrição animal. Esse volume representa um incremento de 2,1% na comparação com a estimativa de 2013. O Brasil continuou como o terceiro maior produtor, com 66 milhões de toneladas, atrás da China (183 milhões) e dos EUA (173 milhões).
Apesar da liderança chinesa, a produção no país caiu 4% na comparação devido à redução de consumo de produtores de suínos e aves. “O mercado chinês foi afetado pela gripe aviária e outros importantes clientes, pela Diarreia Epidêmica dos Suínos [PED, na sigla em inglês]”, disse Aidan Connolly, diretor-executivo de inovação da Alltech e responsável pela pesquisa.
Se levada em conta a produção de toda a região Ásia/Pacífico, ela foi responsável por 36% do total (350.54 milhões de toneladas). A quantidade de fábricas na região também é muito superior à dos demais continentes. São 13.376 unidades, segundo a Alltech, contra 6.790 fábricas na América do Norte, que ocupa o segundo lugar na produção (192.8 milhões). “A Índia, particularmente, foi o país que mais cresceu em 2014, com 10% e 29 milhões de toneladas fabricadas”, disse Connolly.
Na América Latina, houve um incremento de 4% na produção em 2014, para 144.84 milhões de toneladas. O Brasil manteve seus números estáveis e permaneceu com 1.698 fábricas. “Na verdade, estamos ampliando a pesquisa e incorporando um número maior de fábricas, mas parece que o mercado aqui está estável”, disse o executivo. O crescimento na América Latina foi puxado por Bolívia, Venezuela e Argentina.
Para os próximos anos, esclareceu Connolly, a tendência é aumentar a quantidade de unidades fabris de ração, mas com fábricas menores que as atuais. “Fábricas menores e mais flexíveis, perto dos clientes e dos centros produtores de grãos é uma tendência não só aqui, mas em todo o mundo”, afirmou.
O vice-presidente da Alltech na América Latina, Guilherme Minozzo, acrescentou que, no Brasil, há uma aproximação das empresas com os produtores de grãos de Goiás e Mato Grosso, principalmente no caso de mineral ou mineral proteinado. “Além disso, há um aumento no consumo de carne suína”.
Em todo o mundo, o maior volume de ração tem como destino a alimentação de aves, com 45% do total – sendo que os frangos de corte ficam com 75% desse total. Somente a produção chinesa destinada ao segmento somou 65 milhões de toneladas no ano passado. A do Brasil chegou a 38 milhões de toneladas. “Em 2014, tivemos uma pequena retração de 1,31% neste mercado, devido à gripe aviária no México e em países da Europa. Alguns países também iniciaram uma pressão sobre o uso de antibióticos e microtoxinas na ração. Mas o número de frangos de corte está crescendo e esse quadro deve mudar”, afirmou Connolly.
A produção de ração para suínos cresceu 3 milhões de toneladas (5,4%) em 2014, principalmente puxada pela África e Ásia. Os alimentos para ruminantes ficaram estáveis em 195.6 milhões de toneladas. “A pesquisa em ruminantes é complexa porque não levamos em conta as forragens, que são usadas em momentos de crise financeira para alimentar o gado”, disse Connolly.
A pesquisa também detalha que os preços caíram em 2014 na comparação com o ano anterior, de uma média mundial de R$ 500,00 a tonelada para R$ 460,00 a tonelada.
“A redução nos preços da soja e do milho diminuiu os custos e o valor final das rações”. Connolly esclareceu que, nesse quesito, são levadas em consideração apenas as rações para suínos, poedeiras e frangos de corte que têm produtos mais confiáveis e padronizados na maioria dos países. “A diferença de preços é muito grande entre os países pesquisados, sendo que nos Estados Unidos, Brasil, Argentina e China eles são menores que a média”. A Islândia tem o preço mais alto entre os países pesquisados e o Japão é aquele com os maiores preços entre os maiores produtores.
A pesquisa da múlti americana avaliou a produção de rações para todas as espécies em 130 países.
Fonte: Valor Econômico