Conhecido internacionalmente pela exuberância de seus mais de 400 quilômetros de litoral, o Rio Grande do Norte tem se tornado também referência pela qualidade de suas frutas, em especial o melão, que a cada dia conquista novos espaços no mercado externo. O polo da fruticultura irrigada fica na região da Chapada do Apodi, que engloba os municípios de Assu e Mossoró, situados estrategicamente entre Natal e Fortaleza, de onde as frutas saem pelo porto de Pecém rumo aos países europeus. Em 2013, foram produzidas cerca de 200 mil toneladas de melão, das quais 50% foram enviadas ao exterior, o que resultou em um faturamento de R$ 800 milhões.
A história da fruticultura irrigada começou há 30 anos com a introdução da técnica israelense de gotejamento, implantada em razão da estiagem que predomina em nove meses do ano na região. A água utilizada vem do aquífero Jandaíra, que corre 100 metros abaixo da superfície e propicia vazão de 100 mil litros/hora para abastecer os 14 pomares de produção, que ocupam aproximadamente 14 mil hectares na região.
“A falta de chuvas acaba sendo positiva para nós pelo fato de não trazer pragas típicas de outros pomares no país, caso da mosca Anastrepha Grandis, o que nos torna o único centro produtor nacional aprovado pelas normas americanas”, diz Luiz Roberto Barcelos, presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex). Além das cinco variedades de melão, a região produz, em menor escala, melancia, banana e mamão.
Essa vantagem competitiva faz com que o Rio Grande do Norte abasteça países como Espanha, Inglaterra e Holanda (que respondem por 90% das compras externas) durante o período do inverno europeu, que coincide com a colheita em solo nacional. O restante da produção segue por transporte rodoviário ao mercado doméstico. O setor vem abrindo ainda novas frentes e em breve vai iniciar exportações para o Chile. O principal alvo, entretanto, é o mercado americano, que hoje impõe uma sobretaxa de 28% ao melão brasileiro e isenta os países concorrentes da América Central.
A perspectiva para 2014 deve ficar 10% aquém da produção do ano passado devido às poucas chuvas entre março e maio, o que comprometeu o abastecimento do aquífero e irá reduzir a área de cultivo. Barcelos estima que o faturamento seja mantido dentro dos mesmos valores, mas para isso deverá haver um aumento no preço para o mercado interno, cujo consumo vem crescendo ano a ano.
Já o setor de turismo deverá tirar bons proveitos da presença aguardada de até 75 mil turistas estrangeiros que irão acompanhar as partidas da Copa do Mundo a serem disputadas na Arena das Dunas. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Turismo, pesquisa da empresa espanhola Forward Data, em parceria com a Pires&Associados, o crescimento de reservas internacionais emitidas para a Copa do Mundo, em Natal, foi superior a 1000%, o que coloca a capital potiguar como a de maior índice entre as 12 cidades-sede, seguida de Porto Alegre e Salvador.
As maiores reservas são de turistas dos EUA (29%), Uruguai (14%) e Itália (7%). Há ainda a confirmação de 3,7 mil mexicanos que irão de ônibus de Recife. No ano passado, segundo dados da Infraero, passaram pelo Aeroporto Augusto Severo 2.281.708 passageiros nacionais e 94.063 estrangeiros. Apenas em Natal a rede hoteleira concentra 30 mil leitos e dispõe ainda de mais 12 mil no Estado, principalmente na praia de Pipa, 70 km ao sul de Natal. Com a Copa do Mundo, o governo potiguar pretende qualificar o turista estrangeiro que visita o Estado e apagar definitivamente a imagem negativa de ser um ponto de turismo sexual.
De acordo com a secretaria, estudo realizado em 2012 pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comercio (IPDC), os turistas estrangeiros gastam em média R$ 259 por dia no Estado enquanto os brasileiros consomem R$ 193. Para suportar a demanda, o Estado recebeu cerca de R$ 5 bilhões em investimentos, que incluíram a construção da Arena das Dunas, obras de infraestrutura e o novo aeroporto internacional de São Gonçalo.
Para atender o grande fluxo previsto para junho, a Secretaria de Turismo vem pilotando o programa federal Pronatec Turismo, proporcionando capacitação a mais de 500 profissionais na cadeia turística, desde bares e restaurantes, passando por guias, taxistas, bugueiros, funcionários de hotéis e agentes de segurança. Até o momento, foram abertas 31 turmas em Natal e em regiões de praias de maior fluxo, como Baía Formosa e Tibau do Sul. A maior procura é para o curso de inglês. Durante a Copa, haverá ainda uma programação especial para os cerca de 3 mil jornalistas que deverão cobrir as partidas em Natal.
Fonte: Valor Econômico