Estudo realizado pelo Instituto Tecnológico (ITPC), em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), indica que o setor movimentou R$ 76,405 bilhões em 2013, faturamento 8,7% superior ao registrado no ano anterior. Pela primeira vez desde 2007, entretanto, o setor registrou índice de crescimento inferior a 10%.
Segundo o presidente da Abip, José Batista de Oliveira, “essa desaceleração é decorrente principalmente da alta de custos experimentada pela panificação. Para se ter uma idéia, os preços da farinha de trigo, que representam 40% dos custos dos produtos panificados, sofreram aumento médio de 22%, o que representou impacto de 9% nos reajustes de preços realizados no ano”. Por outro lado, explicou que o crescimento do faturamento foi garantido pelo desempenho das padarias que oferecem serviços completos de fast food e de conveniência.
Centros de convivência
As padarias estão se transformando em autênticos centros de convivência para o consumidor brasileiro. Batista de Oliveira atribui este fenômeno à “necessidade de o setor se reinventar, como resposta ao processo de expansão vivido pelas grandes redes de supermercados nos anos 1990, que passaram a incorporar os chamados pequenos negócios, sufocando, assim, a atividade de mercearias, quitandas, açougues e peixarias, entre outros negócios do gênero. Essas redes também passaram a produzir e vender pães e produtos panificados, o que levou a Abip a deflagrar um processo de modernização, passando desde a atualização em técnicas e sistemas de gestão até a prestação de serviços diferenciados, lay-outs das lojas, processos de produção mais eficientes e etc.”.
Em sua opinião, foi uma verdadeira revolução, que resultou em novidades e comodidades para o consumidor, como a prestação de serviços de delivery, refeições, happy-hour, oferta de produtos hortifrútis, vinhos, sopas, horário de atendimento ininterrupto (24 horas) e disponibilidade de wi-fi. “E tudo isso sem perder o foco no pão, que continua e continuará sendo o carro-chefe da panificação. Vamos fortalecer ainda mais o pão dentro deste novo modelo de negócio e o caminho é a ampliação da qualidade”, acrescenta.
Consumo per capita
A pesquisa revela, ainda, que o setor é constituído por 63,2 mil estabelecimentos, frequentados por cerca de 43 milhões de clientes diariamente, no último ano. No mesmo período, o faturamento por funcionário aumentou 9,4% e o salário médio cresceu 26%. Já as vendas de produção própria representaram 55% do volume de faturamento, ou R$ 42,02 bilhões, seguidas por bebidas, mercearia e laticínios.
O presidente da ABIP chama a atenção para o consumo per capita de pão no Brasil, que ainda é considerado baixo, na faixa dos 34 quilos/habitante/ano, pouco mais da metade dos 60 quilos/habitante/ano recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão da ONU. “No entanto, países de condições sócio-econômicas similares às do Brasil, como Argentina e Chile, consomem mais de 70 quilos/ano e 90 quilos/ano”.
Porém, segundo Batista de Oliveira, há espaço para crescer e, para tanto, o pão deve tornar-se mais competitivo e apreciado pelo consumidor. Isso seria possível, explica, “através, basicamente, de duas iniciativas. A primeira delas consiste na desoneração do produto. Apesar de ser um alimento básico, definitivamente incorporado ao cardápio do brasileiro, o pão é um produto tributado – situação que nos parece extremamente injusta e, segundo ele, por ser a panificação uma grande demandadora de mão-de-obra, além de ser importante gerador e mantenedor de mão-de-obra, é constituído basicamente por micro e pequenas empresas. Mais da metade das padarias empregam até 20 funcionários”.
Desoneração
Com relação á desoneração, esclarece, a Abip aguarda a aprovação do projeto de lei 63/2011, que se encontra em trâmite na Câmara Federal, já tendo recebido aprovação da Comissão de Constituição e Justiça. “Trata-se de matéria da maior importância para a economia e para a sociedade brasileiras. A decorrente redução dos custos dos produtos panificados não apenas terá impacto positivo direto sobre a atividade, estimulando investimentos em novos empreendimentos, modernizações e ampliações, como tornará esse nobre produto ainda mais acessível à população”, diz o presidente da Abip.
A pesquisa do ITPC mostra que o setor emprega de 802 mil trabalhadores diretamente e responde por 1,85 milhão de empregos indiretos .Houve um aumento de 2% no número de postos de trabalhos criados ano passado, o que representa 18 mil funcionários contratados pelas padarias. Para Batista de Oliveira, “a desoneração do pão, neste sentido, vai se traduzir no aumento do consumo do produto e na criação de milhares de postos de trabalho. É importante dizer que o setor cria um novo posto de trabalho com um investimento médio de somente R$ 14.700”.
Por Equipe SNA/SP