O aumento da produção de milho em Santa Catarina deve ser prioridade absoluta dos produtores, das agroindústrias e do governo na avaliação do presidente da Organização das Cooperativas do Estado (OCESC), Marcos Antônio Zordan. Neste ano, o Estado vai importar 3.5 milhões de toneladas para abastecer as gigantescas cadeias produtivas de aves e suínos.
”Isso representa um custo financeiro, operacional e ambiental insustentável porque exige mais de 60.000 viagens por ano”, expõe o dirigente. Observa que a insuficiência de milho é uma das razões da perda de competitividade das indústrias de processamento de carnes e, em especial, da avicultura industrial catarinense.
De maior produtor e exportador brasileiro de carne de aves, o Estado ocupa atualmente a segunda posição em termos de comércio exterior, com 33,6% dos volumes e 37,5% das receitas advindas das vendas externas. A liderança pertence, agora, ao Paraná.
O Estado é o oitavo produtor de milho no Brasil e a área plantada se reduz gradativamente há oito ano: em 2008 foram cultivados 649.000 hectares e em 2014 pouco mais de 400.000 hectares. Desses, 100.000 destinam-se à silagem, portanto, não saem da propriedade e são utilizados na nutrição animal. Os produtores rurais estão migrando do milho para a soja porque, além de ter custo de produção menor, a soja rende mais. Hoje, uma saca de soja vale R$ 70,00 e uma saca de milho, entre R$ 27,00 e R$ 29,00.
O presidente da OCESC aponta que somente as agroindústrias catarinenses consomem mais de 3 milhões toneladas/ano de milho. Desse total, mais de 50% resultam da importação do Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraguai. A escassez agravou-se neste ano e Santa Catarina deve importar entre 2.5 milhões e 3 milhões de toneladas de milho do Brasil central, suportando elevados custos de transporte.
SOLUÇÕES
Marcos Zordan enfatiza que é necessário melhorar as condições de armazenagem para reter o milho em território barriga-verde. O Estado produz 6.5 milhões de toneladas de grãos por ano, incluídas as safras de milho, soja, arroz, trigo e feijão. A capacidade estática total de armazenagem é de 4.2 milhões de toneladas, o que significa que 30% da produção não tem estocagem.
Outra iniciativa para a eliminação do déficit de milho via aumento da produtividade é a utilização de sementes de alta tecnologia. Metade das 220.000 sacas de sementes que a Secretaria da Agricultura disponibilizou pelo programa TROCA-TROCA – em parceria com a FECOAGRO – é de alta produtividade. Para o cultivo dessa semente foi distribuído calcário calcítico.
Outros fatores que afetam a competitividade das cadeias produtivas de grãos, lácteos e carnes são as condições do sistema rodoviário de Santa Catarina, alerta Zordan. Com base na pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT, 2012), menciona que 31,7% da malha viária barriga-verde encontra-se em situação ruim ou péssima e 28,1% em situação regular – ou seja, 60% da malha rodoviária não estão em condições ideais.
Fonte: Notícias Agrícolas