Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que o consumo de peixe no mundo alcançou níveis históricos em 2010. Segundo o relatório, a média de consumo é de 17 quilos por pessoa. No Brasil, de acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), houve aumento do consumo e atualmente os brasileiros consomem pescados na média mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 12 quilos por habitante/ano. Para ambas as fontes, esse aumento se deve basicamente ao crescimento contínuo da aquicultura.
De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Ono, o aumento do consumo de pescado traz boas perspectivas para o setor, que ainda tem o cenário preocupante, mas pronto para se adequar e melhorar.
“Hoje ainda importamos mais que exportamos. Em 2014 foram 1,4 bilhões de dólares, ou seja, mais de 6 bilhões de reais importados de pescados, sendo 400 milhões de dólares importados de países asiáticos”, observa. E o principal, comenta o presidente, os peixes que entram no Brasil são mais baratos e não enfrentam as mesmas burocracias e regras que os produtos brasileiros. “A concorrência fica desleal. É preciso equalizar as distorções das exportações. Quem vende para o Brasil deve respeitar as nossas regras, do mesmo jeito que temos que fazer quando vamos exportar para outros países”.
Outro ponto que a aquicultura brasileira precisa melhorar para crescer é em relação à organização da cadeia produtiva. Hoje, segundo Ono, ela é mal estruturada e tem dificuldade de fazer o produto de qualidade chegar ao consumidor. “Grande parte da produção de peixe é vendida in natura, sem processamento e inspeção sanitária”, informa. Para o presidente, a vida corrida e moderna das pessoas hoje inviabiliza levar para casa um peixe inteiro. “Todos querem agilidade e qualidade. É preciso processar o peixe para vendê-lo. Quem abastece o mercado vai ter que seguir esse caminho”, ressalta. Eduardo Ono finaliza “Temos que produzir o que o consumidor que comprar”.
O Brasil tem todo o potencial de ser o maior produtor de pescado do mundo. Hoje ele é detentor de 8 mil quilômetros cúbicos de reservas de água doce (a segunda maior reserva está na Rússia e tem 4.500 quilômetros cúbicos) e de um litoral com 7.400 quilômetros de extensão. O clima é propício, considerado bom como o dos maiores produtores mundiais, a China e o Vietnã, além de uma enorme variedade de peixes da Bacia Amazônica.
Segundo a Rabobank, principal financiador agrícola no mundo, o Brasil também é a “bola da vez” quando o assunto é pescado. Em 2014 foram produzidas mais de 500 mil toneladas de pescados por aquicultores – e 1,2 milhão pela pesca. Só a tilápia, espécie exótica criada com destaque no Paraná e em São Paulo, teve um incremento de 17% em sua produção anual, e todas as outras espécies, juntas, 8%.
Fonte: Canal do Produtor