O Agro e a história da árvore de Natal. Por Evaristo de Miranda

Imagem: Pixabay

No período do Advento, mais de 2 milhões de árvores de Natal, de muitas espécies e variedades, são comercializadas por viveiristas. O agro atende desde mercados de pequenas árvores para escritórios e apartamentos, até grandes árvores para centros comerciais e praças. A árvore de Natal tem história, data de criação e autor. Descubra a simbologia dessa fitofania.

Quem inventou a árvore de Natal? 

O inventor da árvore de Natal foi S. Bonifácio, o evangelizador da Alemanha. Ele nasceu na Inglaterra em 672 e faleceu martirizado em 5 de junho de 754. Seu nome religioso, Bonifacius, quer dizer “ele faz o bem”. Em 718, ele esteve em Roma e o Papa Gregório II enviou-o à Alemanha, com a missão de reorganizar a Igreja. Por cinco anos, evangelizou nos atuais Estados de Hessen e Turíngia. Em 722, feito bispo da Germânia e um ano depois, inventou a árvore de Natal.

Quando surgiu a árvore de Natal? 

Em 723, São Bonifácio derrubou um enorme carvalho dedicado ao deus Thor, perto da atual Fritzlar, na Alemanha, para convencer povo e druidas da inutilidade da árvore sagrada. Tem monumento e placa comemorativa por lá. O acontecimento é considerado o início formal da cristianização da Alemanha. Na queda, o carvalho destruiu tudo, menos um pinheirinho. Bonifácio interpretou o fato como milagre. Era período do Advento. Ele considerou o amor pelas árvores do povo local: “Doravante, chamaremos esta arvorezinha, de árvore do Menino Jesus”. O costume de plantar pinheiros para celebrar o nascimento de Jesus começou, estendeu-se pela Alemanha e pelo mundo.

Melhor um carvalho ou um pinheiro?

Carvalho: Imagem Pixabay
Pinheiro: Imagem Pixabay

Comparações do pinheiro cristão com o carvalho pagão foram destacadas pela Igreja, desde o início dessa tradição. O pinheiro mantém-se verde em pleno inverno, quando todas as outras árvores, inclusive os carvalhos, amarelecem e perdem as folhas. Seu crescimento é lento e constante. Sua forma triangular foi vista como símbolo da Trindade por S. Bonifácio. Em 732, em Roma, o Papa Gregório II lhe deu o pálio de arcebispo da Alemanha. Ele é representado com vestes episcopais, mitra, um livro atravessado por uma espada e um pé sobre o tronco do carvalho abatido, símbolo do esmagamento da religião pagã.

Árvore de Natal ou a vida

A tradição cristã, assimilou a árvore de Natal a uma nova árvore da vida, a do jardim do Éden, lá no Paraíso (Gn 2,9). Como frutos, seus enfeites alegorizam virtudes, desejos, vínculos e sonhos das pessoas e da casa onde ela está. No tempo de S. Bonifácio, as árvores de Natal eram enfeitadas com maçãs, evocando a nova frutificação e o antigo pecado original. Ao contrário do mito do Éden sobre serpente e “maçã”, a árvore passou a evocar vida e salvação, plantada nas casas. As árvores eram decoradas com velas, imagem de Jesus, luz do mundo. As primeiras referências aos enfeites são do século XVI, da igreja da Alsácia. As famílias decoravam os pinheiros com papéis coloridos, enfeites, frutas e doces.

Qual o simbolismo  de bolas na árvore de Natal? 

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Desde o século VI, a tradição da árvore de Natal evolui: trocaram-se as perecíveis maçãs por bolas, sinal dos frutos da vida. As tradições variam. Alguns colocam 12 bolas ou múltiplos de doze para evocar os apóstolos. Outros, 33 bolas, para lembrar os anos da vida de Jesus. Outros adornam dia a dia a árvore de Natal até 24 a 28 bolas, dependendo do número de dias do Advento. Ou adornam de uma só vez. Às vezes, as crianças elaboram suas próprias bolas. Em outras famílias, cada bola é colocada com uma oração ou um propósito, até o dia do nascimento de Jesus.

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Por que bengalas, 3 sinos e 7 anjinhos?

Os enfeites da árvore de Natal são um espaço de liberdade, arte e poesia para a criatividade familiar. Os três sininhos simbolizam a Santíssima Trindade e costumam adornar a guirlanda. Os sete anjinhos representam espíritos angélicos, os anjos dos pequeninos diante de Deus, contemplando e intercedendo por todos (Mt 18,10). Bengalinhas evocam a caminhada e o pastoreio de Jesus, o cajado do Bom Pastor. Pequenos e bonitos pacotinhos e presentinhos na árvore ou aos seus pés evocam boas ações e sacrifícios, os “presentes” a serem dados a Jesus no Natal.

Uma estrela no topo da árvore de Natal? 

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No alto da árvore de Natal coloca-se uma estrela, luminosa. Elevada, ela lembra a Estrela de Belém, a estrela-guia dos magos do Oriente (Mt 2, 2.9.10). Ela representa a fé, para iluminar e guiar as vidas dos cristãos, coroando suas cabeças. Essa estrela-guia, com jeito de cometa, também é colocada ou representada por luzes, desde a manjedoura no presépio até o alto de edifícios nas cidades. A misteriosa estrela de Belém, citada no evangelho (Mt 2,2.9.10) é de primeira grandeza, símbolo de alegria e orientação, capaz de despertar, atrair e guiar.

Penetrar o Impenatrável

Construídos por séculos, entre sinais e símbolos natalinos estão: árvore de Natal, presépio, guirlanda, coroa do Advento, estrela de Belém, enfeites natalinos, Papai Noel, iluminação de casas e locais públicos, ceia familiar e troca de presentes. Cada um com seus significados. A maioria dos símbolos natalinos ajuda as pessoas a penetrarem um mistério impenetrável: a encarnação do Verbo Divino. Não é nada simples. Para os cristãos, o Deus Único tinha um filho e o enviou ao mundo. Não foi uma aparição. Ele se fez homem, lá na Palestina. Pode? Nenhum período do ano tem tantos símbolos católicos. Exigências desse Mistério.

Evaristo de Miranda é pesquisador, escritor, doutor em Ecologia e membro da Academia Nacional e Agricultura da SNA  (https://evaristodemiranda.com.br/)
Edição de imagens e texto para SNA – Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb 13.9290) marcelosa@sna.agr.br
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