Nem a saca de soja a R$ 120,00 faz o produtor antecipar as vendas da safra 2020/2021

Se antes de 2020 alguém chegasse com a previsão de que a saca da soja chegaria a ser comercializada a R$ 120,00, seria considerado um louco. A nova realidade dos preços no Brasil trouxe essa grande oportunidade para os produtores. Mas mesmo com altos valores, há produtor que não quis vender.

Em Rondonópolis (MT), o produtor Osvaldo Pasqualoto tem uma propriedade na qual ainda falta plantar 30% da área da safra 2020/2021. Mesmo com o mercado aquecido e com ofertas tentadoras acima dos R$ 120,00 a saca, ele não negociou uma saca sequer da safra que ainda está plantando, a 2020/2021.

“A parte de comercialização de commodities normalmente é uma gangorra. Tem de tomar muito cuidado no que faz. Em anos anteriores a gente sempre travava uma parte da soja ou trocava por outros insumos. Esse ano mudamos a estratégia”, disse Pasqualoto.

“Não vamos travar a soja futura vamos esperar o mercado, porque 70% da safra de Mato Grosso já está comercializada. A partir do ano que vem não tem produto disponível no mercado para a venda. Saber a hora certa que tem que vender e precisa vender é uma estratégia do nosso grupo”.

Mas isso não significa que o produtor não está vendendo soja alguma. Ele ainda tem grãos da safra 2019/2020 e acabou de fechar um contrato de venda no mercado disponível, aproveitando os preços atuais.

Negociação

Segundo levantamento mensal da consultoria Safras & Mercado, Mato Grosso já negociou uma média de 60,40% desta safra 2020/2021, quase o dobro dos 36% vendidos na mesma época do ano passado. O Brasil já comercializou 58% da safra 2020/2021, contra 31% da safra passada.

“É importante o produtor ir negociando, escalonando e fazendo um preço médio ao longo da safra. Claro que para aqueles produtores que ainda não negociaram nada, os preços atuais são muito interessantes, acima de R$ 120,00 em praticamente em todas as praças brasileiras”, disse o analista Luiz Fernando Gutierrez.

“Esse é um preço inédito. Nunca vimos um patamar tão alto. Então eu diria que o produtor que não vendeu nada, que venda, pois isso ajudará a fugir dos riscos de mercado que 2021 vai trazer: como questões climáticas, cambiais ou Chicago”.

Garantia de custos

Já para outro produtor da mesma região, a venda antecipada da safra tem sido uma boa alternativa para garantir parte dos custos de produção, uma oportunidade indispensável nos planejamentos de safras do José Rezende da Silva. Este ano ele já negociou 65% da produção que pretende colher dos 1.600 hectares de soja que semeou.

“Na medida em que vai concretizando as compras, as relações de trocas, já vai travando aos poucos, para ter garantias. Quando travamos o custo de produção, começamos a garantir o resultado financeiro da safra que você está planejando plantar. É normal, e pouca gente deixa para fechar nas vésperas do plantio, ou nas vésperas da colheita”, disse.

Riscos

Mas se engana quem pensa que não há qualquer risco em antecipar as vendas. Em anos como este, que o atraso das chuvas está retardando o plantio e, consequentemente, a colheita, alguns produtores estão preocupados com os contratos firmados para entrega de soja em janeiro.

“Uns venderam mais, outros menos”. Mas preocupa sim. Aqui é uma região mais antiga, a comercialização não é tão agressiva como no norte do estado, mas foi comercializado em torno de 30% a 40% de soja”, disse o presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis, Lucindo Zamboni Junior.

Em Rondonópolis (MT), a estimativa do sindicato é que este ano sejam plantados 80.000 hectares de soja. Até agora apenas 75% da área total está plantada.

“As chuvas atrasaram bastante para começar e agora estão bem irregulares. Hoje faz em torno de sete dias que não chove e as previsões não são das mais otimistas. Uma semana atrás estava os termômetros marcavam 45°C”, observou Zamboni.

“Quando a soja está geminada, ela aguenta, agora quando está germinando e não vem a chuva, com este calor intenso, prejudica as plantas. Um ano muito atípico, muita dificuldade no plantio, umidade baixa, não está fácil para o produtor rural”.

 

Fonte: Canal Rural

Equipe SNA

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