Morre Delfim Netto, protagonista do crescimento econômico e agrícola brasileiro

Foto: Acervo SNA

Faleceu nesta segunda-feira, 12 de agosto, o ex-ministro e ex-deputado federal Delfim Netto, aos 96 anos. Ele estava internado desde a semana passada e teve complicações em seu quadro de saúde. Era membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA, que manifesta sua consternação e reconhece o papel determinante que ele teve no desenvolvimento agrícola brasileiro.

Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim Netto foi um dos mais longevos ministros da Fazenda do país, tendo ocupado o cargo entre os anos de 1967 e 1974. Sob seu comando, o país viveu um período de forte expansão da economia, conhecido como “milagre econômico”. Foi também ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura (1979) e embaixador do Brasil na França (1975-1977).

O ex-ministro refutava críticas ao seu modelo de atuação, que incentivou exportações, investimento estrangeiro e desenvolvimento agrícola, com domínio da matriz energética; uma de suas frases mais famosas foi É preciso, primeiro, fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo. Ocupou a pasta da Agricultura por poucos meses em 1979, mas sua visão estratégica do momento deixou marcas em toda as cadeias produtivas do país, sobretudo pelos períodos à frente da Fazenda e do Planejamento.

Com estímulos do governo, o agronegócio expandiu-se para o interior, sobretudo no Cerrado, iniciando o salto de produtividade e exportações preconizadas por Delfim e que elevou o país ao panteão das grandes potências em termos de gêneros alimentícios. Ele defendia a política de preços mínimos para que os itens essenciais chegassem à mesa de mais brasileiros a tarifas acessíveis. Foi também um dos grandes incentivadores da Embrapa, canalizando recursos para criação e desenvolvimento da estatal.

Transitando com facilidade pela área acadêmica e esfera pública, Delfim Netto era exaltado por seu conhecimento enciclopédico, capacidade de convencimento e trato afável, apesar do imenso poder que acumulou durante décadas. Foi um dos poucos economistas a testar na prática suas teorias e colher críticas e elogios com desenvoltura, se reinventando na redemocratização do país e defendendo seu legado à luz dos resultados obtidos e circunstâncias singulares do período.

Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb 13.9290) marcelosa@sna.agr.br

 

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