Controle sobre os volumes e qualidade da mercadoria. Estes são os principais fatores apontados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para “privatizar” os armazéns públicos do governo federal, sob a tutela da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). Somente em Mato Grosso (não importando se o armazém é público ou privado), há um déficit de armazenagem de 22 milhões de toneladas de grãos, inclusive de soja e milho.
A possibilidade da Conab deixar a armazenagem de grãos foi levantada pelo ministro Blairo Maggi em Cuiabá na última sexta-feira (9), durante o Fórum Mais Milho. Segundo Maggi, passando para a iniciativa privada o controle sobre os volumes armazenados e a qualidade da mercadoria, será possível ter um trabalho mais eficiente e que gere menos prejuízos para o governo federal. Ainda de acordo com Maggi, contratos que previam a instalação de armazéns da Conab foram suspensos. No caso dos armazéns já instalados, são consideradas opções de venda, cujo valor será revertido para os cofres da União, ou serão transferidos para as prefeituras.
Mato Grosso possui hoje, entre armazéns públicos e privados, um déficit em torno de 22 milhões de toneladas de capacidade de armazenagem somente para soja e milho. O estado conta uma capacidade instalada próxima a 34 milhões de toneladas, e deve colher 30 milhões de toneladas de soja nesta safra 2016/2017, e algo na casa dos 26 milhões de toneladas de milho 2ª safra.
Produzir mais ou conforme o mercado?
Durante o Fórum Mais Milho, no último dia 9, foi levantado no painel “As políticas do Mapa para a cultura do Milho” a questão de produzir mais ou produzir conforme o mercado remunera. A questão foi levantada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, após as declarações da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), de que se deve produzir mais, e do Ministério da Agricultura, de que não há capacidade de armazenagem para receber tal aumento da produção.
Mato Grosso, por exemplo, se produzisse toda a área de soja – envolvendo cerca de 9 milhões de hectares – com milho, teria uma produção em torno de 50 milhões de toneladas de cereal. O estado possui uma produtividade média de 85 sacas por hectare, e já alcançou 100 sacas em algumas safras. Há relatos de produtores que conseguem alcançar a marca de 150 sacas por hectare.
Segundo o vice-presidente da Abramilho, Glauber Silveira, o que a associação quer apontar é que, dentro de uma demanda, há oportunidade de se aumentar a produção do cereal, principalmente se essa demanda partisse da transformação do milho em fontes de energia limpa, ou seja, biocombustível (etanol).
O ministro Blairo Maggi afirmou que “o mercado é livre e o produtor pode fazer o que quer. Há ganhos agronômicos que nos levam a produzir mais. Não podemos querer acertar a mosca enquanto ela voa. Nós do governo não estamos ausentes. Nós temos R$ 1.2 bilhão para operar com programas, como o Pepro, em 2017. É pouco, inclusive. Não dá para dizer que vou produzir mais ou menos. Nós temos muitos caminhos para o milho. Temos de ser competitivos”.
Fonte: Agro Olhar