O mercado brasileiro de trigo encerrou o mês de maio com perspectivas positivas para os preços no âmbito doméstico, tendo em vista as oscilações cambiais que atualmente repercutem a instabilidade política no país. Segundo Safras & Mercado, atualmente o dólar favorece o trigo produzido no Brasil, devido ao encarecimento, pelas paridades de importação, do grão proveniente do mercado externo.
Além disso, o volume comercializável no país também já é reduzido. A comercialização já supera 90% no Paraná, e fica perto disso no Rio Grande do Sul, tendo em vista que já havia ultrapassado os 85%. Desta forma, uma relativa escassez de oferta também favorece elevações de preços.
Nesta conjuntura, de acordo com Safras & Mercado, para os últimos meses do ano comercial são aguardadas elevações das cotações no mercado doméstico, caso não ocorra mudanças mais significativas no câmbio. Assim, os preços podem começar o próximo ano comercial mais atraentes para os produtores.
Vale ressaltar que a taxa de câmbio atual, ainda não é o ideal para o trigo nacional, apesar de já trazer maior espaço de competitividade frente o trigo externo. O dólar atualmente oscila em torno de R$ 3,25 na maior parte do tempo, enquanto o ideal seria que este preço ficasse igual ou superior a R$ 3,30.
No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral), informou que o plantio de trigo para a safra 2016/17 atinge 70% da área estimada para o estado, de 992.470 hectares. A área deve recuar 10% frente aos 1.099 milhão de hectares cultivados na safra 2015/16. Segundo o Deral, 100% das lavouras estão em boas condições, divididas entre as fases de germinação (10%) e crescimento vegetativo (90%).
Já no Rio Grande do Sul, o plantio da nova safra de trigo está totalmente paralisado devido às pesadas chuvas ocorridas em todas as regiões produtoras, ficando estagnado nos 3% registrados até 25 de maio. Na média, esse percentual deveria estar em 30%.
Segundo o boletim semanal da Emater/RS, a preocupação dos produtores está na probabilidade de continuação das chuvas nos próximos períodos, o que atrasa ainda mais o plantio, passando inclusive do período preferencial em algumas lavouras. Outro fato a considerar é a possibilidade que a colheita adentre no período de plantio da próxima safra de soja que inicia com mais força em outubro.
O plantio do trigo na região de Santa Rosa, no norte do Rio Grande do Sul, não avançou na última semana. Segundo o engenheiro agrônomo da cooperativa Cotrirosa, Taciano Reginatto, os trabalhos seguem abaixo dos 5% da área, estimada em nove mil hectares. O excesso de chuvas sobre a região é que vem atrasando o plantio. “Normalmente, esse período do final de maio seria o momento forte do plantio por aqui, mas temos recebido bastante chuva”.
Na região central do estado, zona de atuação da Cotrijuc, em Júlio de Castilho, os trabalhos ainda não foram iniciados devido ao excesso de chuvas na última semana. Já em Panambi, no noroeste do RS, o implante também ainda não foi iniciado.
Segundo o engenheiro agrônomo da cooperativa Cotripal, Denio Oerlecke, o excesso de chuvas atrapalha o começo dos trabalhos, que estaria ocorrendo agora, em caso de tempo bom. A meteorologia prevê chuvas para a próxima semana e durante boa parte do mês de junho.
Fonte: Agência Safras