Com o consumo concentrado em países desenvolvidos, o mercado de orgânicos reduziu o seu ritmo de crescimento após a crise financeira internacional.
O mercado global de produtos orgânicos atingiu US$ 64 bilhões em 2012, o que representou um crescimento de 27% em relação a 2008, quando o mercado mundial era de US$ 50 bilhões.
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira pela Organic Monitor, consultoria especializada no setor, durante a Biofach, maior feira de negócios do setor realizada em Nuremberg, na Alemanha.
No intervalo de quatro anos anteriores, a expansão foi de 75% —em 2004, o faturamento do setor era de US$ 28,7 bilhões.
“Desde 2008, a taxa anual de crescimento caiu”, afirma Amarijit Sahota, presidente da Organic Monitor, que aponta a concentração do consumo de produtos orgânicos como um dos principais desafios do setor.
A América do Norte e a Europa respondem por 90% do mercado mundial, o que torna a situação econômica desses países crucial para o desenvolvimento do setor.
Além da desaceleração, a situação macroeconômica dessas nações contribuiu também para mudanças nas estratégias de negócios nos dois principais mercados.
Enquanto os Estados Unidos passaram nos últimos anos por uma fase de consolidação, com um forte movimento de fusões e aquisições, na Europa o cenário é de queda nos investimentos.
“Há países que crescem bastante, como a Holanda e a Alemanha, mas alguns mercados estão estagnados, como o Reino Unido e a Itália”, afirmou o consultor.
Com a melhora nas projeções para a economia de Estados Unidos e Europa neste ano, Sahota vê um cenário mais positivo para o crescimento do setor. Ele destaca, no entanto, que é preciso diversificar.
O caminho mais evidente, diz ele, é desenvolver o consumo de orgânicos em países em desenvolvimento, como o Brasil e a China.
“É preciso que existam mais iniciativas como a do grupo Pão de Açúcar, no Brasil, que ajudam a popularizar o consumo de alimentos orgânicos”, afirmou Sahota, que está desenvolvendo um estudo de mercado sobre o Brasil para a Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos).
PRODUÇÃO
Enquanto o consumo está centralizado nos países desenvolvidos, a produção está concentrada nos países em desenvolvimento. Segundo o estudo da Ifoam (Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica), também apresentado nesta quarta-feira, 80% da produção global está nos emergentes. A Índia é o país com o maior número de produtores, seguida por Uganda, México e Tanzânia.
No final de 2012, 37,5 milhões de hectares eram ocupados pela produção orgânica em todo o mundo. A Oceania é líder em área cultivada, com 32% do total, seguida pela Europa (30%) e pela América Latina (18%).
Fonte: Folha de São Paulo