A semana final de março foi marcada por poucos negócios e a consolidação de uma desvalorização de 15,25% nos preços do arroz em casca no mercado gaúcho, finalizando em 31 de março, sexta-feira passada, com o indicador Esalq/Senar – RS registrando preços médios de R$ 39,90. O valor fica abaixo dos R$ 40,00 que a cadeia produtiva estimava ser o piso da saca de 50 quilos (58×10) à vista, colocado na indústria. Ao longo da semana passada, houve registro de cotações ainda menores. Em dólar, a saca de arroz fechou o mês de março valendo US$ 12,76.
Estes valores ainda estão acima da referência de bons negócios de exportação. Agentes de mercado asseguram que a competitividade brasileira para exportar bem nesta “janela” de queda dos preços, só se daria abaixo dos R$ 38,00 por saca no Rio Grande do Sul.
Segundo dados da Emater/RS, a colheita gaúcha já alcançou metade da área, estimada em 1.1 milhão de hectares, com produtividade média em 8.000 quilos por hectare. A expectativa é que com o andamento da colheita, esta média caia. As primeiras áreas colhidas, em geral, são dos agricultores mais capitalizados, que conseguem aproveitar as melhores épocas e aplicar as melhores tecnologias. A partir desta semana, começa a colheita dos produtores que tiveram mais problemas com o clima, acesso ao crédito, a terra e com as operações da lavoura. Parte dos agricultores que já encerraram a colheita do arroz agora se dedica à soja em várzea, cujos resultados são considerados promissores.
A colheita catarinense já passou de 80% e encaminha-se para o final, especialmente em áreas de cultivo da soca, que estão mais atrasadas este ano. No Sul Catarinense, preços médios entre R$ 38,00 e R$ 39,00, mas dependendo da região as cotações variam entre R$ 37,00 e R$ 40,00. No Mato Grosso, o pico da colheita deve ser alcançado até 20 de abril. No entanto, os primeiros resultados causaram relativa euforia pela alta produtividade e os bons volumes de safra nesta fase inicial. Os preços é que não estão agradando, com a saca na faixa de R$ 45,00 em Sinop e Sorriso e R$ 48,00 a R$ 50,00 em Várzea Grande.
Mercado Externo
O mês fechou com uma movimentação mais intensa dos exportadores em busca da viabilidade de negócios, mas ainda assim há dificuldades de concorrer com os preços dos países do Mercosul, especialmente o Paraguai e a Argentina, uma vez que o Uruguai vive problemas internos bastante sérios com uma greve dos caminhoneiros que transportam arroz e não aceitam a tabela de transportes negociada com moinhos e rizicultores. O Paraguai, por sua vez, anunciou os primeiros carregamentos para o México e os Emirados Árabes Unidos, e prevê uma colheita próxima de 1 milhão de toneladas. Trabalha com a expectativa de que metade deste produto, ou seja, 500.000 toneladas em base casca, seja carreada para o mercado brasileiro. Ainda assim, o país guarani vive turbulências políticas que podem afetar os negócios.
Tributação
Na área tributária, duas notícias foram surpreendentes na semana. Em primeiro lugar, uma decisão da justiça transferiu para os agricultores uma dívida bilionária de Funrural, o que deve comprometer ainda mais a renda no campo. Por outro lado, as primeiras comissões da Câmara Federal já deram parecer favorável à instituição de alíquotas de Pis e Cofins sobre o arroz importado, inclusive do Mercosul. Isso geraria uma espécie de tarifa entre 2% e 9% do valor de entrada do arroz no Brasil, equalizando a relação de preços da matéria prima importada e a nacional. A indústria e o varejo não gostaram da notícia, e o projeto ainda precisa passar por duas comissões técnicas antes de ir para votação em plenário. O calcanhar de Aquiles do projeto é a Comissão de Constituição e Justiça, uma vez que o Tratado de Livre Comércio do Mercado Comum do Sul (Mercosul) estabelece paridade tributária neste caso.
Mercado
A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS) indica preço médio de R$ 39,70 para a saca de 50 quilos (58×10) em casca no estado, e R$ 89,00 para o cereal beneficiado (branco, Tipo 1, sem ICMSFOB) à vista, em sacas de 60 quilos. Já o canjicão se mantém cotado a R$ 48,00, com boa demanda do mercado, apesar da recuperação da safra de milho no Sul do Brasil, e a quirera segue em R$ 45,00. O farelo de arroz tem indicativo de preços médios de R$ 420,00 a tonelada colocada em Arroio do Meio (RS).
Expectativa
A expectativa geral da safra gaúcha é de preços pressionados ao longo de abril com a chegada da última metade da safra nos silos e indústrias. A partir de 15 de maio já existirão produtores com contratos vencendo com cooperativas e indústrias e vão precisar movimentar as cargas. Com isso, os exportadores seguem esperando cotações próximas de R$ 38,00 e o agricultor quer acima de R$ 40,00, no mínimo. No varejo, em março os preços médios do arroz ao consumidor caíram entre 1% e 2%, dependendo da região.
Fonte: Planeta Arroz