Depois de uma tarde de discussões acaloradas sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor lácteo brasileiro na sexta-feira, 7 de outubro, na Comissão de Agricultura do Senado, em Brasília, representantes dos ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores querem buscar alternativas que ajudem a corrigir possíveis distorções na relação de compra do leite uruguaio.
Nas próximas semanas, o governo federal deverá checar os números de importação de lácteos daquele país, na busca de um acordo que prime pelo bom senso, uma vez que, segundo os produtores, as exportações anteriormente direcionadas à Venezuela vêm sendo escoadas ao mercado brasileiro.
“A indústria é favorável ao Mercosul, mas nós precisamos de cotas para não sermos surpreendidos com os altos índices de leite no mercado nacional que derrubam o preço e inviabilizam a atividade. Precisamos de uma ação do governo nem que seja com a compra de parte da produção ou incentivos fiscais”, sugeriu o presidente do Sindilat e do Conseleite, Alexandre Guerra. A sugestão do Sindilat é, de imediato, adotar monitoramento do mercado de forma a equilibrar a importação, fixar cotas para o Uruguai e trabalhar na desoneração de máquinas e equipamentos para uso dos produtores e da indústria.
Ao lado do setor, a senadora e presidente da comissão, Ana Amélia Lemos, reforçou o coro como forma de proteger milhares de pequenos produtores que vivem do leite no país. “O problema é mais complexo do que imaginávamos porque envolve regras internacionais, custo de produção e questões sociais”. Entre as hipóteses em análise está a criação de cotas para o leite do Prata, o que não é bem visto pelo Ministério das Relações Exteriores, que teme retaliações. “Temos de pensar que talvez eles também queiram fechar outros mercados para o Brasil”, alertou o diretor do Departamento do Mercosul, Otávio Brandelli. Contudo, é preciso avaliar que há produtos na pauta de exportação brasileira que não têm livre acesso ao mercado uruguaio como se gostaria, como a carne de franco, por exemplo.
Outra demanda defendida pelos produtores e que deve, agora, ganhar apoio do Senado, é a revisão da Instrução Normativa (IN) nº 26, que autoriza os laticínios da região da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a reconstituir leite em pó para a produção de leite longa vida (UHT) e leite pasteurizado. Presente ao encontro, o vice-presidente da Fetag, Nestor Bonfanti, cobrou um encaminhamento que traga efeito e que seja viável para resolver a questão do leite gaúcho. “Os agricultores estão nervosos e precisam de tranquilidade para investir na produção. Precisamos que as autoridades pensem com muito carinho”, conclamou.
Fonte: Sindilat