A melhora do clima na região centro-norte do Brasil, que vinha sofrendo há meses com uma estiagem severa, trouxe alívio para a soja, que deve terminar o ciclo 2015/16 em 98 milhões de toneladas, de acordo com a última revisão divulgada pela INTL FCStone. A coordenadora de inteligência de mercado da consultoria, Natália Orlovicin, lembra que este volume projetado continua sendo recorde histórico e representa uma expansão de quase 2% em relação ao ciclo passado.
Segundo avaliação do grupo, as principais mudanças ocorreram na região do Matopiba (que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que tem plantio mais atrasado e, portanto, pode ser muito beneficiada pelas chuvas deste ano. Somadas, as localidades devem produzir 10.6 milhões de toneladas.
Parte destes ganhos foi compensada pelo ajuste estimado para o Rio Grande do Sul, cuja produtividade média pode ser levemente reduzida pela falta de precipitações. “Apesar do clima extremamente chuvoso em 2015, em janeiro deste ano o padrão mudou e a chuva deu lugar à seca, exatamente em uma fase em que a necessidade de água da planta começa a aumentar”, disse Natália.
Para o Mato Grosso, a expectativa continua sendo de redução da média do rendimento estadual, em função das adversidades climáticas do final de 2015. Neste início de colheita, os efeitos do clima têm pesado sobre os rendimentos, que se mostram bastante variáveis.
Com as demandas externa e interna aquecidas, devido ao dólar mais forte, melhoria da competitividade e aumento da produção e exportação de frangos (que utiliza o farelo como alimento), a consultoria prevê que os estoques brasileiros devem continuar muito apertados no final da safra, em 1.21 milhões de toneladas.
Milho
A produção brasileira da primeira safra 2015/16 de milho foi ajustada para baixo na revisão de fevereiro da consultoria INTL FCStone. “Com o avanço da colheita, a cada ano, uma produção menor no ciclo de verão vai se consolidando. Esse cenário traz preocupações num momento em que têm sido relatadas dificuldades em encontrar milho no mercado”, disse Ana Luiza Lodi, analista de mercado da consultoria. O ajuste decorreu de uma revisão de área em alguns estados, como no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
No caso da segunda safra, são esperadas 53.46 milhões de toneladas, um leve aumento da produção em relação à estimativa de janeiro. Em áreas onde houve atrasos no ciclo da soja, como em Mato Grosso, os produtores tentam acelerar os trabalhos no campo com a intenção de terminar a semeadura no final de fevereiro.
Mesmo assim, alguns atrasos são esperados, com parte das lavouras sendo plantadas em março. As preocupações são com um clima mais seco, com baixa ocorrência de chuvas em abril e maio, que podem trazer impactos adversos sobre as plantas, prejudicando o rendimento final.
Fonte: INTL FCStone