Indicadores Cepea: leite, frango, boi, citrus e mamão

Leite: entressafra eleva preço ao produtor por mais um mês

Contrariando a expectativa de agentes que acreditavam em estabilidade, o preço do leite recebido por produtores subiu em maio (referente ao produto entregue em abril) pelo quarto mês seguido. De acordo com cálculos do Centro Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço líquido (que não considera frete e impostos) subiu 1,5 centavo/litro (ou 1,2%) de abril para maio, chegando a R$ 1,2735/litro na “média Brasil” (que considera os Estados de Goiás, Minas, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Bahia). A alta está atrelada à entressafra da produção leiteira.

De acordo com o Índice de Captação de Leite do Cepea (Icap-L/Cepea), a produção em abril foi 1,1% menor que a de março na “média Brasil”, indicando a menor disponibilidade sazonal de leite no campo. Contudo, pesquisadores do Cepea indicam que a valorização do leite no campo continua limitada pela fraca demanda na ponta final da cadeia. O menor poder de compra de consumidores brasileiros tem reduzido a demanda por lácteos e, consequentemente, pressionado as cotações ao longo de toda a cadeia.

Segundo pesquisa do Cepea realizada com o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o valor do leite UHT negociado no mercado atacadista do Estado de São Paulo (o maior do país) caiu 0,79% de abril para maio, com média de R$ 2,61/litro. Pesquisadores do Cepea comentam que essa queda sinaliza a dificuldade de o mercado absorver novas altas, tanto dos derivados lácteos quanto da matéria-prima.

Em Minas Gerais e Goiás, o Icap-L registrou as maiores quedas dentre os estados acompanhados pelo Cepea – de 2,8% e de 2,1%, respectivamente, de março para abril. Mesmo com a menor oferta no campo, a dificuldade no repasse das altas ao consumidor limitou a valorização da matéria-prima no estado mineiro, que foi de apenas 0,96% de abril para maio. Em Goiás, os preços do leite ao produtor ficaram praticamente estáveis, com leve queda de 0,17%.

Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, a captação recuou 0,9% e 0,7%, respectivamente, mas em Santa Catarina e no Paraná, a produção aumentou 0,1% e 1,7%. A baixa disponibilidade de leite no campo nesses estados acirrou a competição entre laticínios. Como consequência, em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, os preços registraram alta acima da observada para a “média Brasil” (de 2,15%, 1,97%, 1,92% e 1,56%, na mesma ordem).

Segundo agentes, a produção no Sul deve se elevar no próximo mês, devido ao clima favorável, aos preços acessíveis de grãos para a alimentação do rebanho e também às pastagens de inverno, cenário que, por sua vez, pode pressionar as cotações.

Assim, a maioria dos agentes entrevistados (43,5%), que representa 63,3% do leite amostrado, acredita em queda de preços do leite ao produtor para junho. Outros 35,2%, que representam 30,2% do volume amostrado, indicam estabilidade, e 21,3% dos colaboradores (que têm participação de 6,5% do volume) apostam em nova alta nas cotações.

 

Frango: mercado internacional é aposta do setor

O mercado de carne de frango segue enfraquecido no Brasil e incertezas relacionadas a grandes empresas do setor deixam os agentes ainda mais apreensivos. Com isso, segundo pesquisadores o Cepea, o mercado externo, que tem sido um termômetro da avicultura de carne brasileira, passa a ser o maior foco do setor. Isso porque casos de influenza aviária seguem ocorrendo em vários países, o que pode favorecer os embarques brasileiros, alertam pesquisadores do Cepea.

Na última semana, foram anunciados novos focos da doença na Rússia e no Egito, que são importantes países compradores da carne brasileira. Nesta parcial de 2017, a Rússia e o Egito têm sido, respectivamente, o oitavo e o nono maiores importadores do produto nacional.

No primeiro quadrimestre deste ano, os russos já vinham elevando as compras de carne brasileira, adquirindo um volume 9,9% superior ao do mesmo período de 2016, totalizando 31.400 toneladas. Já os egípcios recuaram em 9,3% as importações do produto nacional no mesmo período, somando 27.900 toneladas nos primeiros quatro meses de 2017.

 

Boi: arroba tem a queda mais intensa para maio em quase 20 anos

Em maio, os preços da arroba de boi gordo recuaram 4,63% – a queda mais significativa para esse mês desde 1998, considerando-se a série histórica do Indicador Esalq/BM&FBovespa, Estado de São Paulo.

Segundo pesquisadores do Cepea, a forte desvalorização da arroba bovina em maio de 2017 está atrelada à maior oferta de animais para abate, devido à retomada da produção, após a seca observada em 2013/2014, e à diminuição no abate de matrizes. Já no correr deste ano, com a queda do preço do bezerro, houve aumento na participação das fêmeas no abate, ajudando a indústria a preencher as escalas e, consequentemente, pressionando o valor da arroba.

Pesquisadores do Cepea ressaltam, no entanto, que a queda nos preços do boi ainda foi limitada pelas chuvas, que se estenderam ao longo de maio. Isso porque, com o clima favorecendo as pastagens, muitos pecuaristas podem “segurar” seus animais no pasto.

Quanto à demanda, a economia brasileira não tem apresentado sinais de recuperação suficientes a ponto de elevar o consumo da proteína, enquanto as exportações da carne bovina in natura vêm registrando fortes quedas mensais – o volume embarcado de janeiro a maio deste ano está 10% inferior ao do mesmo período de 2016, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Além disso, pesquisadores do Cepea lembram que o setor enfrentou três grandes desafios neste ano: a operação Carne Fraca, da polícia federal, a volta da cobrança do Funrural e, recentemente, as investigações de uma indústria de grande relevância para o setor.

Maio

O mês de maio é, tradicionalmente, um período em que as cotações recuam. Cerca de 90% dos animais abatidos no Brasil são terminados com alimentação exclusivamente a pasto. De acordo com pesquisadores do Cepea, com o início da seca, que costuma ocorrer neste mês, o volume de animais prontos para abate é maior. Além disso, a redução da oferta de forrageiras faz com que o pecuarista esteja mais disposto a vender seus animais, ao invés de mantê-los no pasto com a possibilidade de perder peso.

Considerando os dados do Cepea, em maio do ano passado, o Indicador Esalq/BM&FBovespa do boi gordo registrou leve alta de 0,05%, e em maio de 2015 teve queda de 1,74%. Com exceção de 2017, a maior queda nos preços do boi em maio, de 4,5%, havia sido registrada em 2011.

 

Citrus: indústrias de São Paulo aumentam ritmo de processamento

O processamento de laranjas da safra 2017/18 está ganhando ritmo nas grandes indústrias do Estado de São Paulo. Até o momento, a moagem (que praticamente não foi interrompida neste ano) ocorre em sete unidades das grandes processadoras.

Na próxima semana, pelo menos mais três unidades devem iniciar as atividades da nova safra. Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento das unidades de moagem em relação ao início de maio deve incentivar novas compras de frutas no mercado spot. Por enquanto, as remunerações no mercado físico seguem por volta de R$ 16,00/caixa de 40,8 kg, colhida e posta na fábrica.

No mercado de mesa, o cenário de enfraquecimento dos preços se mantém, tanto em decorrência da oferta elevada nas roças paulistas quanto pela dificuldade de escoamento. Na parcial da semana (segunda a quinta-feira), a média da pera é de R$ 18,45/caixa de 40,8 kg, na árvore, com queda de 6,4% frente à semana anterior.

 

Mamão: com menor oferta, Havaí se valoriza 31% na Bahia

O preço do mamão Havaí subiu nas regiões produtoras nesta semana (29/05 a 02/06) devido à redução do volume de frutas disponíveis no mercado. Além disso, com o clima mais ameno e a finalização da colheita dos cachos, houve aumento da oferta de mamões mais verdes, que são preferidos pelos compradores.

No sul da Bahia, onde os preços da variedade eram os menores na semana passada, o Havaí foi vendido a R$ 0,57/kg, preço 31% maior em comparação com a anterior. Cenário semelhante foi observado no atacado, apesar da restrita comercialização influenciada pelo fim de mês e o clima mais ameno nas regiões consumidoras.

Com isso, os preços do Havaí ficaram na média de R$ 14,20/caixa de 8 kg na Ceagesp – aumento de 24% em mesma comparação. Como para a próxima semana espera-se nova diminuição na oferta, o mamão poderá continuar se valorizando, visto as melhores vendas no início do mês.

 

Fonte: Cepea/Esalq

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp