Importação de grãos com quebra de safra no Brasil aperta logística de adubos

Um aumento na importação de milho e trigo diante da quebra de safra no Brasil, em momento em que a demanda por fertilizantes está forte, deve apertar a logística para o escoamento desses produtos importados, disse nesta quarta-feira o diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Ricardo Tortorella.

“Essa situação já gerou gargalo recente em porto de Santa Catarina”, afirmou o diretor , acrescentando que o país importou cerca de 80% do fertilizante consumido em 2020.

O Brasil elevou em 11,10% as importações de fertilizantes em 2020, para 32.87 milhões de toneladas, enquanto a produção brasileira caiu 10,50%, para 6.37 milhões de toneladas, segundo números da Anda apresentados durante um seminário promovido pela consultoria Datagro.

Neste primeiro trimestre, informou Tortorella, a produção nacional de fertilizante continuou caindo 11%, enquanto a importação disparou 23%.

Dependência

“O problema de dependência do exterior, de certa forma, começa a se agravar um pouco mais. Há 15 dias, o porto em Santa Catarina teve problemas de muita entrada, e isso se agrava conjunturalmente com as geadas”, disse ele, em referência à quebra de safra, que resultará em aumento de importações.

O diretor da Anda apontou ainda que, com a quebra de safra por seca e geadas, o Brasil, que já é um grande importador de trigo, tem elevado importações de milho.

“Com a possível a perda das safras também concorre a importação, que começa a chegar um pouco maior. Em Santa Catarina houve problema com a entrada de fertilizantes”, disse Tortorella.

Demanda e logística

Ele informou que 2020 terminou com queda de 8,70% nos estoques finais de fertilizantes, para pouco mais de 6 milhões de toneladas, enquanto a demanda aumentou 11,90% em 2021 e as entregas totais totalizaram 40.56 milhões de toneladas no ano passado, segundo números da Anda.

Para este semestre, Tortorella disse que o setor precisa de muita atenção para gerenciar a logística. “Precisa ser bem feito, com muita atenção, para atenuar os riscos”, disse ele, ressaltando que a demanda dos produtores está forte, apesar da alta dos preços dos fertilizantes, uma vez que a relação de troca entre produtos agrícolas e insumos segue favorável ao agricultor.

O diretor também lembrou de problemas de “fluxos de oferta de logística” em 2020, devido a questões ligadas à pandemia, o que colaborou para a alta dos insumos.

Milho

A importação de milho pelo Brasil praticamente dobrou no primeiro semestre, para mais de 900.000 toneladas, embora a maior parte tenha vindo do Paraguai, pelo modal rodoviário. Para o segundo semestre, a logística deve se concentrar nos portos, na medida em que começou a chegar o cereal da Argentina, que vem de navio.

Apenas a JBS já anunciou que está trazendo o equivalente a 30 navios com milho da Argentina, e prevê que o País importará pelo menos quatro milhões de toneladas de milho em 2021. Em 2020, as importações do cereal totalizaram 1.37 milhão de toneladas, segundo números do governo.

 

Fonte: Reuters

Equipe SNA

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