FG/A lança Fiagro de R$ 350 milhões para investir em CRA

A gestora FG/A, controlada pelo grupo financeiro de Ribeirão Preto (SP), de mesmo nome, e que tem foco no segmento sucroalcooleiro, lançou no último dia 9 uma proposta de fundo de investimento no agronegócio (Fiagro) que tem por objetivo levantar até R$ 350 milhões para investimentos prioritários em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

Segundo a minuta de prospecto protocolada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que ainda pode sofrer alterações até o lançamento da oferta, o valor mínimo é R$ 100 milhões. A oferta prevê, ainda, a possibilidade de serem emitidas cotas do lote adicional em mais R$ 70 milhões.

O valor mínimo de aporte por investidor é R$ 10.000,00, sendo que cada cota vale R$ 100,00. A distribuição dos lucros aos cotistas deve ser de ao menos 95%, com base nos balanços semestrais.

O fundo pagará 1% de taxa de administração e taxa de performance de 20% sobre o valor distribuído aos cotistas que exceder a variação das taxas DI (deduzidos encargos e taxas).

Além disso, o fundo deve manter ao menos 67% de seu patrimônio líquido em CRA (“ativos-alvo”). O restante dos recursos pode ser aplicado em outros “ativos de liquidez”, como cotas de outros fundos que apliquem em CRA, Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e outros instrumentos de crédito rural. Mas a grande “tese de investimento” são os CRAs.

Potencial

A gestora não concedeu entrevista porque está em período de silêncio. Mas, no documento protocolado, a FG/A expõe sua visão de que há um “grande potencial de expansão” das emissões desses títulos, que hoje corresponderiam a cerca de 8% de todo o endividamento do agronegócio, ou R$ 48 bilhões, enquanto financiadores tradicionais, como bancos, possuem uma parcela maior (R$ 321 bilhões, ou 53% do total). Nas dívidas em CRA, o setor sucroalcooleiro é o terceiro maior emissor.

Sem ratings

A maior aposta da gestora são os certificados que não têm classificação de rating e que, portanto, não têm muitas informações em circulação no mercado. Na minuta, a gestora afirma que esses serão os principais ativos do fundo, “visando a capturar o valor oriundo da assimetria de informação entre o que a equipe da gestora conhece e a informação que é pública”.

A gestora deve utilizar a experiência do grupo FG/A em assessoria financeira para direcionar a estratégia. No prospecto, a gestora diz que “utiliza metodologia própria de avaliação das empresas devedoras e de emissoras de títulos de crédito”. A exigência comum é que os CRAs tenham ao menos garantia real ou fidejussória (fiança ou aval).

Assessoria

A FG/A já prestou assessoria financeira para a emissão de CRAs, debêntures incentivadas e outros títulos de dívida, sobretudo de usinas de cana, além de ter apoiado o IPO da Jalles Machado e de ter participado de operações de financiamento junto a bancos comerciais e ao BNDES, somando R$ 16 bilhões em emissões de instrumentos financeiros.

Desse valor, apenas em instrumentos emitidos no mercado de capitais (dívida e ações) foram apoiadas operações de aproximadamente R$ 5 bilhões. A gestora foi montada pelo grupo no início do ano, com a aquisição da Hagros, em fevereiro.

No prospecto, a gestora informa que, caso ocorram situações de conflito de interesse, em que o fundo aplique recursos em títulos cuja colocação seja assessorada pela consultoria do grupo, as decisões serão submetidas à assembleia geral de cotistas do fundo.

O fundo também poderá investir em CRAs com rating. De acordo com o prospecto, a gestora terá de escolher apenas títulos com classificação de risco “A-” ou acima desse patamar. São vedadas, porém, aplicações em derivativos, locação de títulos e day trade.

 

 

Fonte: Valor

Equipe SNA

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