Em razão da estiagem prolongada, o Presidente da FAESP, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, Fábio Meirelles, realizou, na última semana, deslocamentos para várias regiões do estado, visando auscultar in loco as suas bases sindicais e os produtores rurais, responsáveis pelo desenvolvimento de inúmeras atividades e culturas. E, ao verificar a preocupante extensão dos danos provocados pela seca, determinou imediato levantamento sobre extensão das perdas, visando orientar os 238 sindicatos rurais filiados e as 322 extensões de bases, reunir subsídios e elaborar demandas que salvaguardem os agricultores e pecuaristas do estado.
Com os dados, Fábio Meirelles reiterou que os produtores rurais paulistas estão muito preocupados com a condição climática atual e, principalmente com os prejuízos dela decorrentes e possíveis reflexos no abastecimento. “Há regiões do estado que estão sem chuvas há 40 dias. Como se não bastasse a falta de chuva e a baixa umidade, as temperaturas estão elevadíssimas, muito acima das médias históricas. Essa combinação de fatores tem contribuído para uma maior evapotranspiração, diminuindo a disponibilidade hídrica no solo e agravando o problema da estiagem. O stress hídrico é muito severo. E, em certas regiões, algumas atividades já registram perdas de até mais de 50% nas lavouras e, se não chover nos próximos dias, poderão ser totais”
Em razão desta grave e preocupante realidade, o Presidente Fábio Meirelles reiterou pleito de vários anos, ao declarar: “É inacreditável que no Brasil, um país de clima tropical e, portanto sujeito às intempéries, não exista ainda um seguro rural amplo e efetivo capaz de assegurar renda aos empreendedores rurais. No momento em que se discute como lidar com as mudanças climáticas, não dá para entender a postura vacilante do governo federal no que se refere ao seguro. O seguro rural, mais especificamente o seguro de receita, na visão da FAESP tem de estar no cerne da política agrícola brasileira e entre as prioridades do Ministério da Agricultura. É o momento de refletir e agir imediatamente, para que nos próximos eventos deste porte nossos produtores estejam mais protegidos, para que não haja comprometimento do abastecimento da população”.
Meirelles esclareceu que, na região de Araçatuba, por exemplo, produtores de milho estão oferecendo suas áreas para produção de silagem, a fim de minimizar as perdas, pois já não acreditam em produção satisfatória de grãos. “Animais têm sido vendidos e/ou transferidos para outras áreas, pois as fontes de água para os animais secaram.”
Resumidamente, o Presidente da FAESP destacou como a situação atual tem afetado a produção rural paulista:
Soja e Milho
As perdas tendem a ser elevadas, não inferiores a 35%. O calor elevado traz aborto das flores e menor formação de vagens na soja. Em estágios mais avançados, a seca tem impedido o adequado enchimento dos grãos. No caso do milho, em certas regiões, as perdas já são de 50% e, se não chover nos próximos dias, podem ser totais.
Cana-de-açúcar
São mais difíceis de quantificar nesse momento, mas a seca impacta mais os canaviais novos que serão cortados no fim da safra 2014/15. Nas áreas com plantios novos, a umidade do solo é mais crítica, devido a menor cobertura.
Laranja
A seca afetará a produção de laranja, pois os frutos têm seu desenvolvimento comprometido. As laranjas tardias da safra 2013/14 estão murchas, enquanto as da próxima safra merecem adequada avaliação.
Café
A baixa umidade e as altas temperaturas na fase de granação resultam na má formação de grãos, que ficam irregulares. Estimativas mais precisas poderão indicar o volume das perdas, mas em termos de qualidade os prejuízos já podem ser considerados expressivos. O café já vinha atravessando uma grande crise e se o governo tivesse atuado em tempo, quando o setor produtivo apresentou seus pleitos, provavelmente os prejuízos seriam menores.
Pastagens
As pastagens estão secas. Além da perda de peso do gado, outro problema é a dificuldade de dessedentação dos animais, pois muitos açudes, lagoas e córregos secaram.
O Presidente da FAESP lembrou que somente chuvas podem trazer alento aos produtores, mas de acordo com as estimativas meteorológicas analisadas, o clima quente e seco deve persistir nos próximos 10 dias. “A previsão é de redução das temperaturas médias a partir de 20 de fevereiro e retorno regular das chuvas em março. Sem perspectiva de chuva, o clima de desânimo é crescente entre os produtores”.
Especificou também que além da redução da produção que diminui a disponibilidade de alimentos, fibras e grãos, outro agravante é a perda de renda agropecuária, que termina impactando toda a cadeia de produção, desde as fábricas de insumos até o varejo, repercutindo no bem-estar das famílias dos produtores rurais.”“Enfim, o cenário que vivemos e que, infelizmente, se repete de tempos em tempos, já é nosso velho conhecido, mas como ainda não foi resolvido, a cada vez exige providências mais imediatas para ser solucionado de vez, porque não é mais possível só continuarmos a contar com meras medidas paliativas, que só transferem necessidades para outro e outros anos”.
Fábio Meirelles finalizou afirmando: “Vamos manter a fé, orações e torcer e torcer pela breve reversão do quadro climático”.
Fonte: Faesp