Exportações do agro voltam a crescer e preços internacionais melhoram, diz analista

Antonio Alvarenga, presidente da SNA; Lígia Dutra, superintendente de relações internacionais da CNA; Rodolfo Tavares, presidente da Faerj, e Gustavo Domingues, diretor de Acesso a Mercados do Ministério da Agricultura. Foto: Michel Angelo

 

“2017 deve marcar o crescimento das exportações do agro em melhor nível que os anos anteriores. Isso não vinha ocorrendo desde 2013. Há também alguma melhora dos preços internacionais, apesar de estarem em níveis mais baixos, conforme foi observado em 2011 e 2012”. A declaração é de Gustavo Cupertino Domingues, diretor de Acesso a Mercados do Ministério da Agricultura.

Segundo ele, “o agro é um caso de sucesso na economia brasileira”. Porém, em relação às exportações, o analista afirmou que o país precisa diversificar sua pauta de produtos. “Por mais que o mercado flutue, nós temos uma vaga cativa entre os grandes exportadores mundiais. O que o Mapa tenta fazer agora é ‘incomodar’ esses países, ampliando o leque de exportação”.

Domingues participou, na última semana, ao lado do presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antonio Alvarenga, e do presidente da Federação de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio de Janeiro (Faerj), Rodolfo Tavares, do segundo painel do Enaex 2017 – Encontro Nacional de Comércio Exterior, realizado no Rio de Janeiro pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

O representante do Mapa disse que a atual meta do governo é atingir 10% da participação brasileira no agro, no âmbito do mercado de exportação. “Hoje estamos em torno de 6,8%”, afirmou.

 

VALOR AGREGADO

Na visão de Domingues, é importante diversificar as exportações com valor agregado para aumentar a competitividade. “Precisamos avançar mais nessa questão. Nós dominamos o mercado de suco de laranja, colocamos a carne como valor agregado, temos café solúvel, açúcar, todos com níveis de processamento, mas precisamos ter de 15 a 20 produtos a mais na pauta”, declarou.

“Sabemos que isso é muito difícil, pois há questões de financiamento, logística, etc., mas é um trabalho de longo prazo. É necessário persistência, continuidade de políticas e também investigação, porque precisamos saber o que os outros países estão fazendo”.

Quanto aos principais destinos para exportação, Domingues destacou que, além de países e regiões como a China, Estados Unidos e Europa, o governo quer dar mais ênfase às negociações comerciais com os países asiáticos. “É ali que se localiza a grande fonte, em razão do crescimento da economia e da classe média”, observou o representante do Mapa.

 

DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Em sua apresentação durante o Enaex, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, disse que o agronegócio brasileiro, para aumentar sua participação no comércio exterior, além de diversificar sua pauta de produtos, deve manter a força das commodities na base exportadora, abrir novos mercados, ampliar os acordos comerciais e incrementar a competitividade. “As legislações e a burocracia atrapalham o comércio exterior e a agregação de valor”, enfatizou.

Entre os desafios do setor, Alvarenga destacou a garantia de seguro e financiamento; soluções para problemas envolvendo defesa sanitária, questões trabalhistas, tributos , venda de terras para estrangeiros, etc. , que segundo ele “geram uma insegurança jurídica muito grande”, além de melhorias na matriz de transportes, com maior investimento em hidrovias. “Nossa matriz é baseada, em grande parte, por rodovias. Isso aumenta o custo de transporte e de exportação”, disse o presidente da SNA.

Ao abordar a questão da infraestrutura, Alvarenga afirmou que o Brasil investe apenas 1,7% do PIB neste setor, e que precisa aplicar pelo menos 5%. “O maior prejudicado com isso é o agro. A China, por exemplo, investe 8,3%, e a Índia 7,6%”.

O presidente da SNA também frisou a importância da garantia de manutenção de instituições de pesquisas em atividade, como no caso da Embrapa, para que continuem a desenvolver tecnologia.

 

Por equipe SNA/Rio

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp