Exportações de soja aumentam em meio a colheita recorde e guerra comercial

As exportações diárias de soja do Brasil registram um forte ritmo no acumulado das três primeiras semanas de julho, superando a média fechada de junho e do mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (24/7) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Consultorias e associações vêm revisando para cima as estimativas de vendas de soja do Brasil em 2018 em razão não só da colheita recorde, mas também da disputa comercial entre Estados Unidos e China, que pode levar o gigante asiático a comprar mais da oleaginosa brasileira para suprir seu mercado.

Segundo a Secex, os embarques da soja nos primeiros 15 dias úteis do mês atingiram uma média de 517.600 toneladas ao dia, contra 496.200 toneladas por dia em junho e 331.200 toneladas por dia em julho de 2017.

Ao todo, o Brasil exportou até a terceira semana de julho 7.76 milhões de toneladas, de acordo com a Secex.

Em abril, o G1 noticiou que as tarifas impostas pela China sobre os produtos importados dos Estados Unidos poderiam favorecer as vendas da soja brasileira para o gigante asiático. Este seria, no entanto, um benefício pontual frente aos prováveis efeitos negativos que a guerra comercial poderia trazer ao Brasil, assinalam especialistas.

O Brasil foi o principal exportador de soja para a China em 2017, seguido pelos EUA.

O País embarcou 50.9 milhões de toneladas da commodity ao país asiático no ano passado, um aumento de 33% em relação ao ano anterior, enquanto os Estados Unidos exportaram 32.8 milhões de toneladas, segundo dados do Departamento de Alfândega da China.

Previsão de embarques

As fortes exportações foram registradas no mesmo dia em que a associação da indústria (Abiove) revisou para cima sua previsão de embarques de soja do Brasil no ano de 2018.

Agora a associação prevê embarques do maior exportador global de soja em 73.5 milhões de toneladas em 2018, de 72.10 milhões de toneladas anteriormente e aproximadamente 68 milhões de toneladas no ano passado.

Tensão pode afetar outros mercados

Já a agência de classificação de risco Moody’s destacou no início do mês que se as tarifas de retaliação dos Estados Unidos incentivarem a China a comprar soja do Brasil ou Argentina, não haverá capacidade excedente nesses países para atender a outros mercados.

Para a Moody’s, essas tarifas dos EUA são negativas para o crédito das empresas de equipamentos norte-americanas e podem prejudicar a renda agrícola de produtores no país.

Guerra comercial

Em abril, os EUA anunciaram tarifas de US$ 50 bilhões sobre 1.300 produtos chineses, alegando violação de propriedade intelectual. Em resposta à taxação, a China impôs tarifas de 25% sobre 128 produtos dos EUA, entre eles a soja.

Os dois países vêm fazendo consecutivos anúncios de barreiras comerciais e retaliações, gerando temores sobre uma guerra comercial. Como os envolvidos são as principais potências mundiais, o conflito tende a afetar a economia de outros países em nível mundial. Isto porque as cadeias de produção e consumo estão interligadas.

 

Fonte: G1

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