Os Estados Unidos deverão exportar um grande volume de etanol para o Brasil em 2018 apesar do imposto de importação de 20% implementado pelo governo brasileiro para compras além de uma cota. A informação foi divulgada por uma analista da Platts Kingsman nesta quarta-feira.
A Platts estima que os EUA exportarão cerca de 1.7 bilhão de litros de etanol para o Brasil em 2018, contra 1.8 bilhão de litros estimados para este ano.
“O Brasil continuará a ser um importador líquido de etanol no próximo ano, a níveis similares ao deste, uma vez que a produção segue estagnada”, disse a analista de biocombustíveis da S&P Global Platts, Beatriz Pupo, durante apresentação em São Paulo.
Parte do volume estimado não deverá ter tarifas, uma vez que o governo brasileiro estabeleceu que somente importações acima de 150 milhões de litros por trimestre (ou 600 milhões de litros ano) têm incidência de taxa.
Os EUA devem aumentar sua participação no mercado de etanol da região Norte/Nordeste do Brasil para cerca de 40% em 2018, contra 30% em 2017, afirmou Pupo. Todas as exportações de etanol dos EUA vão para as regiões onde a produção local não é suficiente para atender a demanda.
A analista disse que as usinas do Centro-Sul do Brasil não serão capazes de suprir o Norte/Nordeste, já que não há aumento na capacidade de produção e o consumo na parte central do país tem aumentado graças à uma vantagem competitiva do álcool em relação a gasolina.
As importações projetadas representam um grande aumento se comparadas às de anos recentes. O Brasil comprou apenas 400 milhões de litros de etanol dos EUA em 2014 e um bilhão de litros em 2016, segundo a Platts.
Pupo afirmou que as vendas de etanol continuam a dar melhores retornos que o açúcar para as usinas brasileiras, considerando-se os preços locais para o biocombustível e os futuros do açúcar bruto na Bolsa de Nova York. Isso deve fazer com que as usinas direcionem maior parcela de cana para a produção de etanol no próximo ano.
O mix em favor do álcool deve ir para 53,7% da oferta total de matéria-prima, contra os atuais 52,4%. Por consequência, a produção de açúcar diminuirá.
Além do Brasil, a analista não viu muitos sinais encorajadores em outras partes do mundo para os produtores de etanol nos Estados Unidos. Ela disse que o México ainda não está pronto para aumentar o uso de etanol e que a China não avançou no plano de elevar a mistura de 10% para 20% na gasolina.
Fonte: Reuters