Depois de arrefecerem em abril, as vendas de máquinas agrícolas deverão retomar o ritmo de crescimento em maio, segundo projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Dados da entidade mostram que foram comercializadas 3.111 unidades no mês passado (o número também inclui retroescavadeiras), 17,5% menos que em março e quantidade 24,8% inferior a de abril de 2018.
A demanda aquecida registrada desde o segundo semestre do ano passado caiu diante das dúvidas sobre a liberação de recursos adicionais com juros controlados para o Moderfrota, principal linha de crédito para a compra de tratores e colheitadeiras do país, cujo valor inicialmente programado (R$ 8.9 bilhões) se esgotou.
“Em abril, várias linhas de crédito do Plano Safra estavam suspensas por falta de recursos, como o Pronaf e o Moderfrota, e havia uma expectativa em relação à Agrishow (feira agropecuária realizada em Ribeirão Preto), o que fez muitos produtores esperarem para fechar negócios”, disse Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Anfavea.
Segundo ela, a verba adicional de R$ 536 milhões anunciada na feira para o Moderfrota certamente vai se refletir nas vendas do segmento neste mês de maio, que deverão crescer na comparação com abril. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a expectativa é de estabilidade.
Apesar do tropeço, as vendas subiram 6,4% de janeiro a abril sobre o mesmo período de 2018 e chegaram a 12.404 unidades. A Anfavea mantém a perspectiva de crescimento de 10,8% ao todo este ano, para 53.000 unidades.
Para o novo Plano Safra (2019/20), que deverá ser anunciado em 12 de junho, a perspectiva da entidade é de manutenção dos patamares atuais de recursos e de juros. “Mas ainda não temos certeza do que virá”, afirmou Andrea Park, vice-presidente da Anfavea.
Na semana passada, contudo, o governo aventou a possibilidade de aumentar os juros do Moderfrota, que neste ciclo oscilaram entre 7,5% e 9,5% ao ano.
Até que o novo plano entre em vigor, o cenário de recursos escassos para financiamentos deverá persistir.
“Existe um esforço dos bancos privados para atender à necessidade do mercado com a falta de recursos do crédito rural, mas não é possível afirmar se isso será suficiente”, acrescentou Helena de Andrade.
Para ela, ainda que os bancos privados estejam se esforçando, o segmento é extremamente refratário a taxas de juros variáveis. “Acho que isso represa os negócios e reduz investimento”, disse.
A Anfavea também informou que as exportações de máquinas aumentaram 12,5% em abril em relação ao mesmo mês de 2018 e 13,8% em relação a março, para 1.200 unidades. A produção somou 4.500 unidades, com queda de 10% em relação a abril de 2018 e alta de 1% em relação a março deste ano. No primeiro quadrimestre, houve baixa de 9,9%.
Valor Econômico