Empresas de armazéns veem alta do faturamento

A demanda por crédito para armazenagem na reta final desta safra 2016/17, que continua aquecida, agora deverá surtir efeito e mover a construção de silos e estruturas para armazéns apenas no segundo semestre. Em consequência da maior procura dos produtores desde o início do ano, empresas do segmento de armazenagem projetam incremento de seus faturamentos de ao menos 10% em 2017.

Paradoxalmente, essa maior procura está associada à trajetória de queda dos preços de grãos como soja e milho, o que levou os agricultores a travar suas vendas à espera de um cenário melhor. Com o escoamento mais lento, a expectativa é que grandes volumes tenham que ser armazenados, ampliando a necessidade dos produtores em conta com armazéns.

“Já tivemos um aumento de 30% na demanda por projetos para armazenagem de janeiro a abril em relação ao mesmo período do ano passado”, disse ao Valor o superintendente comercial da Kepler Weber, José Tadeu Franco Vino, durante a Agrishow, maior feira de agronegócios no País, que está sendo realizada esta semana em Ribeirão Preto, no interior paulista.

Segundo Vino, a procura vem de médios e grandes produtores e de cooperativas, e já refletiu num aumento das vendas da companhia no Brasil no primeiro trimestre. Os resultados de janeiro a março só serão conhecidos na semana que vem, quando a Kepler Weber divulgará seu balanço. A empresa está entre as que projetam aumento de cerca de 10% da receita neste ano. “Este ano a safra será bem maior que a passada e sentimos que a confiança dos produtores também melhorou bastante”, disse Vino.

O Ministério da Agricultura já teve que complementar as linhas de crédito do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) com um aporte de R$ 280 milhões adicionais. Originalmente, o Plano Safra 2016/17, ainda em vigor, reservou R$ 1.4 bilhão para esses financiamentos a juros de 8,5% ao ano. Em face das expectativas positivas em relação à demanda, a Pasta já propôs ao Ministério da Fazenda uma ampliação do volume de recursos do PCA para R$ 1.8 bilhão no Plano Safra 2017/18 e uma redução d a taxa de juros para 6,5%.

Segundo Henrique Silva, coordenador geral da CASP, que também atua no ramo de armazenagem, as consultas por projetos de armazéns da empresa cresceram 20% no primeiro trimestre. Mas a perspectiva de redução dos juros do PCA em 2017/18 já faz muitos produtores esperarem o próximo Plano Safra. “Se os juros recuarem, achamos que vai haver uma boa recuperação dos investimentos em armazenagem nos segundo semestre”.

 

Fonte: Valor

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