Pesquisadores da Embrapa São Carlos (SP) desenvolveram uma tecnologia para aumentar o controle do uso da água na irrigação. Trata-se de um sistema que mede a umidade da terra, proporcionando, ao mesmo tempo, um aumento de produtividade na lavoura em 40% e redução do consumo de água em até 70%. É formado por um sensor de cerâmica, que indica o nível de umidade da terra, ligado a um sistema de gotejamento preciso, que mostra quanto o solo precisa de água.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 70% de toda a água disponível no mundo é utilizada para irrigação. No Brasil, esse índice chega a 72%. A agricultura é vista pelo organismo internacional como alvo prioritário para as políticas de controle racional de água. De acordo com a Organização as Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), cerca de 60% da água utilizada em projetos de irrigação são perdidas por fenômenos como a evaporação.
PARA TODAS AS REGIÕES
O engenheiro agrônomo Adonai Calbo explica que o sistema, que pode ser adaptado em qualquer região, é eficaz tanto no período de chuvas quanto em época de estiagens e os riscos de contaminação dos lençóis freáticos são menores. Garante que não é necessária nenhuma fonte de energia para o seu funcionamento.
“Quando o sensor está seco, o ar que está no seu interior passa livremente pelo sensor. Quando o solo é irrigado, as passagens de ar são preenchidas com água e o ar não passa mais. É um sistema pneumático de medir a tensão da água ou a umidade do solo”, explica Calbo, acrescentando que “uma irrigação correta faz com que se aproveitem melhor os nutrientes e as plantas cresçam bem, além de não poluir o meio ambiente”.
O sensor ainda não é comercializado, mas já desperta o interesse do empresário Sérgio Machado, que quer desenvolver um gotejador para ser usado em vasos de flores. Segundo ele, em uma cidade do tamanho de São Carlos, seria possível economizar 78 mil litros de água por mês.
“Quem não tem no mínimo dois vasos em casa? Em uma viagem curta ou longa, é só colocar a garrafa pet, transformando o lixo em um agente ambiental em prol da própria planta, e a facilidade de não ter que chamar uma vizinha para regar a planta, porque o gotejador faz esse efeito”, disse Machado.
Com economia e maior produção, a tecnologia está tornando as empresas brasileiras mais competitivas, segundo Paulo Cereda, gerente regional do Sebrae. “Mais do que criatividade, há empresas inovadoras com ideias que viram soluções de mercado, que resolvem problemas e têm potencial para ajudar o nosso país a alavancar”, declarou.
Por Equipe SNA/SP