Sete unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estarão presentes ao 12° Congresso Brasileiro do Algodão, que será realizado de 27 a 29 de agosto, no Centro de Convenções de Goiânia (GO), com mais de 2.000 participantes inscritos, representando os diversos elos da cadeia produtiva da pluma.
Considerado o maior evento da cotonicultura brasileira, o congresso é uma oportunidade para mostrar as novidades em matéria de pesquisa focadas para aumentar a sustentabilidade do setor, assim como prospectar novas demandas de pesquisa junto aos principais atores dessa importante cadeia produtiva do agronegócio nacional.
O evento é realizado a cada dois anos pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com o apoio da Embrapa e do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
Durante três dias de programação, pesquisadores das sete unidades da Embrapa – Algodão, Territorial, Cerrados, Meio Ambiente, Milho e Sorgo, Agropecuária Oeste e Instrumentação – estarão interagindo com os participantes em mesas-redondas, plenárias, workshops e no estande da empresa de pesquisa.
O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Algodão, João Henrique Zonta, avalia que o congresso é um momento importante para conhecer as reais necessidades do produtor e direcionar o foco das pesquisas.
“Na última edição, por exemplo, nós articulamos a formação de uma Rede de Pesquisa da Ramulária, uma união de esforços para potencializar o controle da principal doença da cultura no país. Essa doença provoca queda na produção e na qualidade da fibra, além do aumento do custo de produção”, disse Zonta.
Criada em 2017, durante o 11º Congresso Brasileiro do Algodão, a Rede de Pesquisa da Ramulária reúne empresas multinacionais e instituições de pesquisa. Os resultados das pesquisas com a rede de ensaios nas principais regiões produtoras do país, onde foram testados 19 fungicidas, serão um dos destaques da Embrapa no Congresso.
“Vamos apresentar o desempenho dos principais fungicidas utilizados no controle da mancha de ramulária, os problemas que têm havido com a resistência destes fungicidas e as estratégias de manejo para minimizar esses problemas. Com essas informações, esperamos permitir que o produtor melhore o seu programa de controle da doença e reduza os custos com aplicações”, afirmou o pesquisador e coordenador da Rede na Embrapa, Alderi Araújo.
A sustentabilidade do sistema de produção é outro tema de relevância para o atual contexto do agronegócio nacional. Uma das pesquisas que serão apresentadas pela equipe da Embrapa comprova o aumento do estoque de carbono no solo no cultivo do algodoeiro em sistema de plantio direto.
“Além de aumentar a produtividade do algodão e acumular mais carbono no solo, o sistema de plantio direto confere maior resiliência produtiva e subsídios para expandir o comércio mundial para uma sociedade cada vez mais exigente em processos produtivos sustentáveis”, disse o pesquisador da Embrapa Algodão Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira, que coordena pesquisas com sistemas conservacionistas de produção no cerrado brasileiro.
Gestão territorial
Melhorar a logística da cadeia produtiva, alertar para os momentos de maior favorabilidade à ocorrência de doenças e mensurar a contribuição dos imóveis rurais para a preservação da vegetação nativa. Todas essas aplicações de soluções de inteligência e de gestão de monitoramento territorial na cotonicultura serão apresentadas pela Embrapa Territorial no Congresso Brasileiro do Algodão.
Já desenvolvidos no oeste da Bahia, região com a segunda maior produção da fibra no País, os estudos revelaram que as propriedades dedicadas ao segmento destinam, em média, 40% de suas áreas para a preservação da vegetação nativa, o equivalente a 220.000 hectares.
Nessa mesma região, geotecnologias começam a ser aplicadas para indicar, a partir de dados meteorológicos, os momentos de maior favorabilidade à ocorrência da mancha da ramulária e racionalizar a adoção de medidas de combate à doença, uma das principais ameaças à produtividade dos campos de algodão.
“Trabalhos semelhantes aos que estamos levando podem ser desenvolvidos em outras regiões do País ou com outros enfoques, com o objetivo de compreender e encontrar formas de incrementar a competitividade da cadeia produtiva”, disse o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Territorial, José Gilberto Jardine.
Saúde dos solos
Até recentemente, a presença de bioindicadores para avaliar a saúde dos solos não fazia parte das rotinas de análises. Pesquisadores da Embrapa desenvolveram a tecnologia da bioanálise de solo (BioAS), que irá preencher essa lacuna.
A partir de agora, além de poderem solicitar aos laboratórios análises químicas e físicas dos solos, os produtores também poderão ter acesso a informações referentes à maquinaria biológica, constituída por microrganismos, raízes e fauna. Com essa informação disponível, eles poderão monitorar a saúde do solo de suas propriedades.
Dessa forma, saberão exatamente o que, o porquê, como e quando avaliar e, principalmente, como interpretar o que foi analisado. Uma das principais vantagens da tecnologia é antecipar que tipos de mudanças ocorrem na matéria orgânica do solo em função do manejo adotado na propriedade.
Trata-se de uma inovação que está alinhada ao objetivo de viabilizar tecnologias que promovam a sustentabilidade das atividades agrícolas com o equilíbrio ambiental.
A pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda de Carvalho Mendes afirmou que a saúde de um solo vai além de sua capacidade de produção de grãos, carne, madeira, agro energia, fibras.
“É possível ter um solo com baixa qualidade, mas cujas elevadas produtividades estejam relacionadas a entradas de insumos em doses muito acima das recomendadas para solos bem manejados, uma condição que não é sustentável no longo prazo, pois poderá resultar em contaminações do ambiente e prejuízos aos agricultores”, ressaltou a especialista.
“O uso de bioindicadores nas análises de solo deverá incentivar o agricultor que já está adotando sistemas agrícolas conservacionistas (como uma espécie de certificação) e alertar aquele que está adotando sistemas de manejo que levam à degradação do solo”, acrescentou Ieda.
Outros destaques
Durante o Congresso Brasileiro do Algodão também serão debatidos outros assuntos de interesse como a gestão da adubação com foco em sistemas e ambientes de produção para otimizar o uso de fertilizantes; o manejo de plantas daninhas, nematoides, pragas e doenças; controle biológico; desempenho de cultivares de algodão; eficiência em pulverização; uso de drones na agricultura, problemas fitossanitários emergentes e caminhos e soluções para o bicudo do algodoeiro.
Além desses temas, no estande da Embrapa serão apresentados um portfólio de cultivares de algodão, um aplicativo para alerta de pragas e doenças da cultura, implementos para facilitar o plantio do algodão em sistema orgânico, e além disso estarão disponíveis publicações técnicas para os visitantes.
Embrapa Algodão