Neste ano, a ocorrência de El Niño, mesmo que moderado, tem trazido chuvas excedentes para as lavouras norte-americanas e deixado em alerta o mercado global de commodities. Diante de mais uma safra recorde colhida, os grãos do Brasil podem sair favorecidos pelo fenômeno climático.
Analistas ouvidos pelo DCI contam que o clima dos Estados Unidos tem sido o principal fator para a manutenção das operações de Chicago em alta. Ontem (25), as cotações de milho para julho fecharam a US$ 3,765 o bushel, uma alta de 2,73%. Na mesma linha, a soja registrou ganhos de 1,88%, a US$ 10,00 o bushel.
“Mesmo que não haja chuva acima da média em todas as semanas, o excesso de umidade está bem no leste do país, onde estão as maiores áreas de grãos. Por isso, o USDA vem aumentando o índice de lavouras em condições ruins no segundo semestre”, explica o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.
Para o especialista, pode haver perdas regionalizadas na safra de grãos norte-americana. “O mercado tem tudo para se sustentar e não cair abaixo dos US$ 9,00 o bushel na soja”.
Conforme publicado pelo DCI, nesta semana, o sócio diretor da Agroconsult, André Pessôa, divulgou um balanço da safrinha de milho com base nos dados do Rally da Safra. Nas estimativas da consultoria, o País deve exportar 27 milhões de toneladas do grão, das quais 20 milhões estão entre embarcadas e negociadas. Para os outros sete, o analista acredita que não haverá dificuldade na comercialização.
Considerando que a colheita de milho total no Brasil será, segundo a Agroconsult, 4,6% maior que em 2013/2014, uma lacuna de mercado deixada por problemas climáticos no principal concorrente do Brasil viria a calhar com os interesses dos produtores.
Mesmo com todos os indícios, a analista da consultoria FCStone, Ana Luiza Lodi, ressalta que ainda é cedo para definir os impactos absolutos do El Niño aos americanos. “Em alguns anos, este fenômeno causa uma produtividade muito boa. Em outros, deixa as lavouras bem abaixo da média. Vamos esperar o desempenho do mês de julho”, avalia.
Na última quarta-feira (24.06), o representante do departamento econômico do USDA, Warren Preston, participou de um evento em Florianópolis (SC) e estimou que a soja continuará sendo a commodity mais atrativa na safra 2015 /2016. Ele afirmou que o órgão americano trabalha com um aumento de 3,2% na área plantada com a oleaginosa no Brasil e 1,1% de acréscimo nos Estados Unidos. Já o milho daquele país, terá queda de 1,5%, em relação aos 36.1 milhões de hectares cultivados em 2014/ 2015.
“Aqui, deve haver uma estiagem do final de agosto ao início de outubro, com um pequeno atraso no plantio”, completa Santos, da Somar.