El Niño e demanda mundial forte pode trazer nova onda de alta para os preços dos alimentos

O padrão climático do El Niño voltou a ditar as regras ao redor do mundo depois de cinco anos e trouxe com ele a possibilidade do novo grande salto no preço mundial dos alimentos depois de os valores terem registrado seu recorde em 2008 e 2011. A afirmação é do grupo asiático Nomura International.

Os meteorologistas preveem que o El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico, pode ser o mais forte desde 1950. O fenômeno já trouxe chuvas torrenciais para partes da América do Sul, Sudeste Asiático e pontos dos Estados Unidos.

Diante desse quadro, nesta quinta-feira (27), as Filipinas já informaram que planejam aumentar suas importações de arroz para se preparar para uma potencial falta de produto, enquanto o Rabobank advertiu que a colheita de trigo na Austrália pode estar sobre ameaça climática.

A demanda por alimentos, ainda de acordo com o grupo Nomura, pode ser maior do que alguns analistas antecipam, deixando os consumidores mais vulneráveis às perdas de produção em determinadas culturas. Durante a última década, as fortes altas nos preços e uma deficiência na oferta contribuíram para sérios conflitos civis em muitas nações.

“Pode não demorar muito para que uma redução no fornecimento global de alimentos gere outra onda de alta nos preços”, disseram os analistas Rob Subbaraman e Michael Kurtz no boletim trazido pelo Nomura International nesta quinta. “Essa escassez de alimento poderia ser provocada por alguns fatores como um aumento do acúmulo de produto, especulação financeira ou até mesmo protecionismo comercial”, explicaram os executivos.

Os preços mundiais dos alimentos monitorados pela Organização das Nações Unidas caíram aos seus menores níveis em 2009 depois de significativas colheitas de praticamente tudo, de milho a trigo, passando pela soja. O indicador, que acompanha as cotações de 73 produtos, bateu seus recordes em 2008 e 2011, anos em que foram registradas quebras de safra.

Ainda de acordo com o grupo asiático, os países onde as pessoas destinam a maior parte de sua renda para alimentação poderiam ser os mais afetados, com o crescimento econômico caindo e a inflação com potencial para subir ainda mais em algumas nações. Bangladesh, Argélia, Egito, Nigéria e Paquistão são alguns dos países onde o risco é maior. Ao mesmo tempo, grandes exportadores como a Nova Zelândia, Uruguai, Holanda e Argentina poderiam se beneficiar do momento.

O relatório do Nomura International disse ainda que “os preços dos alimentos devem continuar subindo durante a próxima década na medida em que a demanda cresce, especialmente nos países em desenvolvimento, e por conta do fato de que o desenvolvimento na produtividade agrícola e na ‘quantidade’ de terras agricultáveis ficou para trás”.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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