DOM PEDRO II E O AGRONEGÓCIO

O Imperador teve papel estratégico na unidade nacional e no desenvolvimento do país, com foco na modernização da agricultura Imagem: Evaristo de Miranda

Em 2 de dezembro comemoram-se 200 anos do nascimento de D. Pedro II. Sem dúvida, o maior chefe de Estado da história do Brasil. O Imperador teve papel estratégico na unidade nacional e no desenvolvimento do país, com foco na modernização da agricultura. D. Pedro II é o responsável, na origem, pela atual grandeza da agropecuária brasileira. Pedro II para assegurar um futuro para o país anunciou, em várias ocasiões, um plano estratégico, combatido por muitos fazendeiros, parlamentares e escravocratas: avanços tecnológicos para aprimorar a produção agropecuária e acabar com a mão de obra escrava.

O Imperador instalou escolas agrícolas, numa política de modernização e desenvolvimento. Cedo, até no cenário mundial, formaram-se no Brasil os primeiros técnicos em agricultura. Criou a Imperial Escola Agrícola da Bahia; o Imperial Instituto Fluminense de Agricultura; o Colégio Agrícola de São Pedro de Alcântara (Piauí); a Escola Rural D. Pedro II (Pará) e outras.

Como parte dessa estratégia, criou o Ministério da Agricultura, em 1860, para impulsionar essas iniciativas modernizadoras e o Instituto Agronômico de Campinas, em 1887, para gerar novas tecnologias agrícolas tropicais.

O Segundo Reinado, além de escolas agrícolas, industriais e comerciais nas províncias para qualificar a mão de obra rural, elaborou um projeto audacioso: trazer imigrantes para novas regiões.Para isso, estabeleceu acordos com as monarquias da Itália, Alemanha, Rússia… e até do Japão.

Os agricultores e artesãos imigrantes integraram-se às novas formas de acesso à terra em projetos de colonização no Sul e Sudeste, regidos pela Lei de Terras de 1850, assinada por D. Pedro II. Até a anarquistas, D. Pedro II cedeu terraspara uma comuna experimental no Paraná (Colônia Cecília).

O Rio Grande do Sul recebeu italianos, eslavos e alemães. Em Santa Catarina, alemães colonizaram a região norte e o vale do Itajaí; e italianos, o planalto e o oeste. No Paraná, houve fluxos migratórios de italianos, alemães,ucranianose japoneses. O mesmo ocorreu de São Paulo ao Espírito Santo.

Para D. Pedro II, a vinda de trabalhadores livres e a cessão de terras a agricultores em colônias levariam a uma nova agricultura, ao lado das grandes propriedades de cana, café, tabaco e pecuária. E assim foi.

Agricultores europeus e japoneses criaram uma nova e moderna agricultura no Sul e Sudeste, completamente diferente das grandes fazendas tradicionais. Em muitos casos, na crise de 1929, compraram e assumiram essas fazendas. Deram origem a novos polos de produção de café e açúcar. Sempre na agricultura, seus descendentes conquistaram o Centro Oeste, os cerrados, o Matopiba e ainda expandem o agronegócio e a agroindústria pelo país.

Descendentes de italianos, alemães, poloneses, ucranianos, pomeranos, russos, espanhóis, silésios, portugueses, libaneses, japoneses e de outras nacionalidades, devem conhecer e divulgar essa história. E reconhecer o papel de D. Pedro II em sua ascendência e existência no Brasil.

Narrativas odiosas tentam arrancar essas páginas da história do Brasil, ocultar os feitos de D. Pedro II em wokepédias e passar em branco o aniversário de 200 anos. O povo brasileiro lembra da monarquia e de D. Pedro II com respeito e carinho. Foi o exemplo de um verdadeiro chefe de Estado, tão necessário nos dias de hoje, respeitado e admirado, aqui e no exterior. Ele se preocupava com as próximas gerações e não apenas com as próximas eleições.

Por Evaristo de Miranda, ex pesquisador da Embrapa, Doutor em Ecologia e membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA.
Edição de Texto e imagem para a SNA – Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb13.9290) 

 

 

 

 

 

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