Dólar tem forte queda e fecha na menor cotação do ano

O dólar fechou em queda e foi abaixo de R$ 3,90, menor cotação de fechamento do ano, influenciado por expectativas de estímulos econômicos na China, pela alta dos preços do petróleo e pelo noticiário político local.

O dólar comercial fechou em baixa de 1,35%, cotado a R$ 3,8871 para compra e a R$ 3,8877 para venda, a menor cotação desde 29 de dezembro, quando fechou a R$ 3,8769. A moeda norte-americana atingiu R$ 3,8843 na mínima da sessão e R$ 3,9422 na máxima do dia.

“A sensação que eu tenho é que o mercado está lentamente percebendo que aquele período de pressão forte ficou para trás e está desmontando as posições compradas”, disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.

O corte na taxa de compulsório da China na segunda-feira vem alimentando a demanda por ativos de risco nos mercados globais, mesmo diante da leva de dados fracos e após a Moody’s piorar a perspectiva para o rating do país.

O bom humor ganhou um pouco mais de força no final da manhã, quando os preços do petróleo voltaram a subir, mantendo vivas as esperanças de que o mercado já atingiu o piso, apesar dos estoques recordes nos Estados Unidos.

No mercado internacional, por volta das 18h05 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,15%, cotado aos 98,19 pontos, enquanto o euro estava em leve alta de 0,03%, cotado a US$ 1,0870.

No mercado brasileiro, fatores políticos também deram força ao recuo do dólar. O jornal Folha de São Paulo publicou que o ex-presidente da empreiteira OAS Léo Pinheiro decidiu fazer acordo de delação premiada e deve relatar casos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Alguns operadores vêm vendendo dólares, na expectativa de que teria aumentado à chance de mudança no governo via impeachment de Dilma, algo que acreditam ser positivo. Outros investidores, porém, entendem que as incertezas geram um quadro desfavorável ao ajuste macroeconômico.

“No fundo, o noticiário político é o que dá o tom. O mercado está muito sensível, tem muito boato, muito rumor”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Nesta manhã, o BC promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril, vendendo a oferta total de 9.600 contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou US$ 936 milhões ou 9% do lote total de US$ 10.092 bilhões.

À espera do COPOM, juros futuros de curto prazo fecham quase estáveis

Os contratos futuros de taxas de juros com prazos mais curtos fecharam em ligeira alta na BM&F, com o mercado evitando mudar as posições à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) que será anunciada nesta quarta-feira, após o encerramento dos mercados.

O DI janeiro/2017 subiu de 14,03% para 14,055%, enquanto o DI janeiro/2018 avançou de 14,3% para 14,32%.

A curva de juros futuros indica 93% de probabilidade de estabilidade da taxa Selic nesta reunião, mas já reflete a chance de corte até o fim do ano. Analistas afirmam que a votação será um importante elemento para as expectativas no mercado de juros. Nas duas últimas reuniões do COPOM, a decisão não foi unânime, com os diretores Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon votando pela elevação da taxa Selic para 14,75%.

Uma votação unânime pela manutenção da taxa Selic, segundo analistas, poderia reforçar a leitura de que um corte dos juros está mais próximo e intensificar a queda das taxas com vencimentos mais curtos. As últimas sinalizações do Banco Central têm sido na direção de que não há espaço para um corte de juros no curto prazo, com a inflação corrente ainda em patamares elevados.

Além da taxa, o dado do PIB que será divulgado amanhã deve ser um importante elemento para o mercado ampliar ou não as apostas em uma queda da taxa Selic.

Para os contratos com vencimentos mais longos, as taxas fecharam em queda refletindo a melhora do ambiente para ativos de risco no exterior e notícias no cenário político. O DI para janeiro de 2021 recuou de 15,43% para 15,30% no fechamento do pregão regular.

Hoje a notícia relacionada à possível decisão do empresário Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da empreiteira OAS, investigado na Operação Lava-Jato, sobre um acordo de delação premiada ajudou a alimentar as especulações a respeito das chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a possibilidade de mudança da equipe econômica, contribuindo para a boa performance dos ativos locais.

Fonte: Reuters/Valor/SNA

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