As exportações de etanol do Brasil ganharam impulso com a valorização do dólar frente ao real. As vendas externas dobraram nos meses de julho e agosto deste ano, e deverão apresentar crescimento também em setembro frente a igual mês de 2014. Conforme a SCA Trading, as exportações também ganharam força nos últimos meses porque o preço do produto no mercado doméstico estava baixo. Com a alta do produto nas últimas semanas, a “janela” de embarques ao exterior diminuiu.
No acumulado de julho e agosto, os embarques de etanol do Brasil alcançaram 410 milhões de litros – uma média mensal superior a 200 milhões de litros e volume 140% superior aos 170 milhões de litros embarcados no mesmo bimestre de 2014, de acordo com dados da Secex/Mdic. Nas estimativas da trading SCA, o volume embarcado em setembro também deverá ficar no patamar de 200 milhões de litros.
A abertura dessa janela inesperada de exportação deverá fazer com que os embarques em todo a safra – de abril de 2015 a março de 2016 – fiquem estáveis em relação ao volume registrado no ciclo 2014/15, que foi de 1,5 bilhão de litros. Até então, as previsões para a atual temporada indicavam um volume 300 milhões de litros menor, da ordem de 1,2 bilhão de litros, conforme a SCA.
A demanda pelo etanol brasileiro nos meses de julho e agosto foi principalmente dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Juntos, esses dois países compraram 83% do total embarcado pelo Brasil no bimestre. As exportações ao mercado americano foram de etanol para uso como combustível. Já ao país asiático, os embarques visaram atender a indústrias químicas e de alimentação.
Essas oportunidades de exportação contribuíram para ampliar mercados às usinas do Centro-Sul que optaram por deixar suas colunas de desidratação de anidro ociosas nesta safra, dados os deságios praticados nos preços internos desse biocombustível – no Brasil, misturados à gasolina.
O diretor da trading de etanol Bioagência, Tarcilo Rodrigues, estima que, no acumulado deste ciclo 2015/16, em torno de 500 milhões de litros de etanol anidro deixaram de ser produzidos no Centro-Sul devido à falta de estímulo econômico. “Com a abertura da janela de exportação, as usinas que tinham desligados as colunas de anidro, resolveram colocá-las em operação”, disse.
Com a recuperação dos preços internos do etanol nas últimas semanas – a alta acumulada em setembro é de 6,8%, segundo o indicador semanal Cepea/Esalq (hidratado) – essa janela praticamente se fechou. Em 2015/16, o Centro-Sul deve produzir 27,7 bilhões de litros, segundo estimativa divulgada ontem pela JOB Economia. O mercado interno, cuja demanda está 40% maior neste ano, deve continuar absorvendo a maior parte da produção brasileira.
Fonte: Valor Econômico