O dólar comercial fechou em alta de 0,41%, cotado a R$ 4,1411 para compra e a R$ 4,1422 para venda, com máxima a R$ 4,1495 e mínima a R$ 4,1263, em um movimento de correção após a forte queda da véspera, enquanto o mercado aguarda a pesquisa eleitoral Ibope que será divulgada hoje à noite, mas sem tirar o exterior do foco, onde os EUA anunciaram que vão adotar tarifas sobre US$ 200 bilhões sobre produtos chineses.
“O mercado já vê com bons olhos um segundo turno entre Bolsonaro e PT, porque há grandes chances de ele vencer”, comentou o operador Jefferson Lattus, sócio da LAATUS Educacional, ponderando, entretanto, que o movimento da véspera foi um pouco exagerado “e o mercado tentava corrigir um pouco nesta sessão”.
Na segunda-feira, o dólar recuou após a pesquisa CNT/MDA mostrar o fortalecimento de Bolsonaro no segundo turno.
O mercado prefere candidatos mais comprometidos com o ajuste das contas públicas e sua primeira opção é o tucano Geraldo Alckmin. Mas como ele não tem conseguido avançar nas pesquisas, o mercado já tem aceitado Bolsonaro como uma opção a candidatos com perfil mais à esquerda.
“Ciro Gomes não está morto ainda (na disputa) e o risco de no segundo turno ter um (candidato com viés) de esquerda que não seja o PT existe”, disse Lattus, ao ponderar que, neste cenário, Ciro, candidato do PDT, é mais forte para derrubar Bolsonaro.
Além da pesquisa Ibope prevista para a noite desta terça-feira (18/9), a semana ainda inclui levantamentos Datafolha (quinta-feira) e XP/Ipespe (sexta-feira).
Enquanto os números não vêm, o cenário externo também era acompanhado nesta sessão, após os Estados Unidos elevarem as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos da China a partir de 24 de setembro, de 10%, alíquota que subirá para 25% no início do próximo ano.
As medidas, entretanto, já eram esperadas e, desta forma, as moedas de países emergentes, se fortaleciam em relação ao dólar, enquanto a moeda norte-americana tinha leve baixa ante a cesta de divisas mais fortes.
O Banco Central realizou a venda em leilão de 10.900 contratos de swap cambial tradicional. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 5.995 bilhões do lote de US$ 9.801 bilhões que vence em outubro.
No mercado internacional, por volta das 17h45 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,13%, cotado aos 94,21 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,12%, cotado a US$ 1,1669.
Juros futuros têm segundo dia de queda com cenário político
O cenário de extremos para o segundo turno das eleições presidenciais ganha cada vez mais peso e os desempenhos de Jair Bolsonaro (PSL) e de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas de intenção de voto têm sido o fator determinante do desempenho do mercado de juros. Nesta terça-feira (18/9), os contratos fecharam em queda. O DI janeiro/2021, por exemplo, recuou 0,03% no pregão regular e fechou cotado a 9,77%.
Segundo a opinião de profissionais, o mercado começa a ver chance de Bolsonaro vencer no segundo turno e ajustam suas expectativas, o que contribui para o movimento de queda pelo segundo dia seguido na semana. “Existe a percepção de que Bolsonaro se sairá melhor no segundo turno com a dinâmica do voto útil. Isso agrada o mercado”, disse Jankiel Santos, economista-chefe do Haitong.
Marcos de Callis, estrategista de investimento da asset do Banco Votorantim, afirma que ao olhar objetivamente o preço dos ativos o cenário que se desenha é o de Bolsonaro na frente do sucessor de Lula.
“Embora Haddad tenha de fato subido nas pesquisas, Bolsonaro mostrou [nas pesquisas recentes] certa força tanto no primeiro turno quanto no segundo. O mercado reagiu um pouco a isso, mas é preciso tomar cuidado com o entusiasmo”, disse.
Paulo Petrassi, sócio e gestor da Leme Investimentos, segue na mesma linha ao dizer que o mercado está comprando o candidato do PSL. “O mercado acredita que, no segundo turno, Bolsonaro vai receber muito voto útil dos eleitores dos candidatos de centro-direita como Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB). Mas eu sigo cauteloso”, disse.
Na noite desta terça-feira (18/9), será divulgada a pesquisa de intenção de voto para presidente feita pelo Ibope e encomendada pela Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo, que poderá alimentar essa discussão. O levantamento foi realizado entre 12 e 18 de setembro e tem abrangência nacional.
Vale destacar também que o dia foi positivo no exterior e contribuiu para o movimento de recuperação do mercado local. O destaque do dia foram às negociações comerciais entre Estados Unidos e China, após o governo de Donald Trump anunciar tarifa escalonada sobre bens chineses. A partir do dia 24 de setembro entrará em vigor uma sobretaxa de 10%, que vai subir para 25% até janeiro de 2019. Os mercados se anteciparam à decisão, no entanto, o que possibilitou a melhora hoje.
Ao fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2020 terminou com taxa de 8,49% (8,5% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 estava cotado a 12,24% (12,28% no ajuste anterior).