A recente alta do dólar deve acelerar as vendas de soja da safra 2013/14, que estão levemente abaixo da média para esta época do ano.
Diferentemente de 2012, quando os sojicultores anteciparam a comercialização da safra futura para aproveitar os altos preços, neste ano o ritmo de vendas é mais lento.
Segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), 31,2% da safra 2013/14 do Estado –que começa a ser plantada em setembro– já havia sido vendida em julho. No mesmo período do ano passado, esse percentual estava em 58,6%.
O índice também está levemente abaixo da média histórica, segundo o instituto, o que desta vez deve beneficiar a maioria agricultores.
A recuperação dos preços em reais já começa a ter reflexo no ritmo de vendas, segundo Angelo Ozelame, analista de grãos do Imea. “Percebemos uma movimentação maior dos produtores”, diz.
O baixo interesse na venda antecipada de soja até o mês passado é explicado pelo preço futuro oferecido ao produtor. Em julho, ele ficou em R$ 44,82 por saca de 60 quilos, em média –abaixo do custo de produção, estimado em R$ 47,23 pelo Imea, considerando uma produtividade de 51 sacas por hectare.
“Aceitando esse preço, o produtor ficaria com um prejuízo de R$ 2,41 por saca.”
No mercado à vista, o valor da soja já respondeu à desvalorização cambial. Segundo pesquisa da Folha, a saca acumula alta de 6,4% em sete dias, atingindo o valor médio de R$ 60,92 ontem.
Embora a taxa de câmbio tenha reflexo direto no valor da soja em reais, a alta da moeda americana não significa, necessariamente, um ganho de renda ao produtor, já que a maioria dos fertilizantes utilizados é importada.
Mas a equação, em geral, deve ser positiva. Segundo Ozelame, mais de 90% dos produtores de Mato Grosso já adquiriram os insumos para a próxima safra. “Quando o dólar começou a subir, eles intensificaram a compras.”
Ainda assim, a maioria das operações foi feita com uma taxa de câmbio considera alta, acima de R$ 2.
“O quanto cada um vai ganhar com o câmbio depende do momento em que foi feita a compra do insumo e a venda da soja. Agora, se a taxa cair muito, complica.” Ontem, o dólar fechou a R$ 2,45.