Muitos ainda não perceberam, mas já não se fazem dezembros como antigamente. Ao menos para o frango vivo. Nos cinco exercícios anteriores, em apenas uma ocasião (2017) a ave comercializada no interior paulista alcançou a melhor cotação do ano em dezembro.
Esse desempenho continua sendo exceção à regra. Pois em 2018 os melhores resultados foram registrados entre setembro e outubro. E o valor médio de dezembro foi apenas o sétimo do ano, visto que inferior aos registrados nos seis meses decorridos entre junho e novembro.
Oficialmente, para quem produziu com a destinação pré-definida, os preços do mês giraram de um máximo de R$ 3,00/kg a um mínimo de R$ 2,90/kg, média de R$ 2,94/kg no mês. Mas quem operou no mercado spot se sujeitou a descontos que chegaram a R$ 0,50/kg, pois, se de um lado a demanda permaneceu restrita, de outro a oferta acabou exacerbada por produto proveniente de integrações impossibilitadas de abater tudo o que produziram.
Sob esse aspecto, pois, o preço médio efetivo de dezembro de 2018 não foi muito além de R$ 2,70/kg, ou seja, igualou-se, praticamente, ao mesmo alcançado em dezembro de 2017. Já sob a cotação de referência, houve incremento anual de quase 9%, enquanto em relação ao mês anterior ocorreu retrocesso de 2,5%.
De toda forma, foi um desempenho melhor que o registrado no primeiro semestre do ano, período afetado, sobretudo, por novos desdobramentos da Operação Carne Fraca (2017) e até por uma greve geral dos caminhoneiros. Como essas ocorrências geraram forte retrocesso nas exportações de carne de frango, o mercado interno, já recessivo, viu a oferta do produto se ampliar de forma significativa, com efeitos diretos sobre os preços da ave viva e da abatida.
Comparativamente aos preços médio do ano anterior, 2018 foi encerrado com uma média (R$ 2,79/kg) 8% superior (R$ 2,58/kg em 2017). Mas o ganho obtido esteve todo concentrado no segundo semestre, pois nos primeiros seis meses do ano o preço médio atingido ficou cerca de 3% aquém do alcançado em idêntico período de 2017. E em condições de produção (custo das matérias-primas) bem mais graves.
Aliás, sob o ângulo dos custos, as condições de 2018 foram muito similares às de 2016, as mais difíceis já enfrentadas pelo setor. Pois, segundo o último levantamento da Embrapa Suínos e Aves, o custo de produção do frango dos 11 primeiros meses de 2018 ficou apenas 2,5% abaixo do observado em idêntico período de 2016.
Mas o setor não ganhou nada com isso, pois o preço médio recebido pelo produtor, no último ano, também recuou perto de 3,5% em relação a 2016. Isto, se considerados apenas os preços referenciais. Pois, na prática, as perdas foram bem maiores.