Milho, batata-doce e aipim enriquecidos com betacaroteno, além de feijão com 50% mais zinco e 50% mais ferro, fazem parte da lista de alimentos biofortificados da merenda escolar, que atenderá mais de 20 mil crianças e adolescentes das creches e da rede municipal de ensino de Itaguaí, no interior do Rio de Janeiro.
Implantando na cidade em 2010 e paralisado por razões extraoficiais em 2014, o projeto Biofort, coordenado na região pela Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca de Itaguaí (Semaap), foi retomado em meados de fevereiro deste ano, segundo o secretário da pasta, Jailson Barbosa Coelho.
O projeto foi criado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 2003, depois de muitos anos de pesquisas em torno dos chamados “superalimentos”. O objetivo é suprir a deficiência de micronutrientes, como ferro, zinco e vitamina A, apontada como um sério problema de saúde pública, de desnutrição, em todo o mundo.
“Apresentamos o Biofort aos produtores rurais de Itaguaí que, após receberem a visita dos técnicos da Semaap, para avaliação da área de plantio, recebem gratuitamente sementes de milho, feijão, manivas de aipim e ramas de batata-doce”, relata Coelho.
Hoje, Itaguaí conta com aproximadamente 12 pequenos produtores que distribuem, desde 2010, alimentos biofortificados para a rede municipal. Esse número deve chegar a 30, pois outros 18, que aderiram ao projeto no início de 2017, devem colher milho, feijão e batata-doce biofortificados, nos próximos três meses.
HORTÃO
O programa alimentar de Itaguaí ainda mantém uma horta com 70% de cultivos orgânicos e 30% de biofortificados, onde são cultivados os grãos. “Estamos esperando novas mudas de batata-doce que devem chegar, em breve, do Nordeste”, informa o secretário.
Segundo Coelho, os pequenos produtores de Itaguaí fornecem alimentos para as escolas e creches do município por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), do governo federal. As mudas são fornecidas pela Semaap, que, por sua vez, recebem as sementes e manivas da Embrapa Alimentos (RJ).
Atualmente, o chamado “hortão” de Itaguaí fornece duas mil unidades de hortaliças, legumes e verduras, além dos grãos – tudo orgânico – para crianças e adolescentes. Conforme o secretário de Meio Ambiente, em breve esse número deve ser incrementado com a nova colheita de biofortificados.
ATLETA É ADEPTA DOS BIOFORTIFICADOS
Ex-jogadora de vôlei de quadra e de praia, a professora de Educação Física e nutricionista Karina Silva também é adepta do projeto Biofort. Para o consumo ainda familiar, na Fazenda Vianna, distrito de Ponta Nova, município de Teresópolis (RJ), a atleta mantém uma horta orgânica e com alimentos biofortificados.
“Os alimentos biofortificados vêm sendo plantados por incentivo de uma amiga, que sempre me coloca a par das novidades, e consegue algumas mudas para teste como, por exemplo, feijões, batata-doce, mandioca e milho biofortificados. Acredito que temos testado os biofortificados da Embrapa há cerca de quatro anos”, conta Karina.
A nutricionista pretende, no futuro, estender a produção: “Ainda não consegui aumentar a produção a ponto de comercializar, mas tenho vontade. Também planto de forma orgânica, apesar de não possuir ainda a certificação, o que não foi prioridade até agora, já que ainda não vendemos nossos produtos”.
Também consumidor de alimentos biofortificados, o secretário de Meio Ambiente de Itaguaí, Jailson Coelho, diz que esses produtos já podem ser encontrados nas feiras do Rio.
“Eles costumam ser mais caros: um quilo de feijão preto comum custa em torno de R$ 7 e o biofortificado entre R$ 10 e R$ 12 reais. Mas o custo-benefício compensa, porque os superalimentos são mais saudáveis, com mais nutrientes. Fisicamente falando, eu sinto muito mais energia e disposição, porque sempre os coloco em meu prato.”
Por equipe SNA/RJ