Consumo fraco de algodão no Brasil elevará exportação

Depois de atingir em 2015 o menor nível em pelo menos 15 anos, o uso de algodão pela indústria no Brasil voltará a cair este ano. A previsão da Abit, que representa a indústria brasileira de têxteis e de confecções, é que entre 600 mil e 650 mil toneladas da pluma serão transformadas em fios e tecidos no país este ano, em relação às 700 mil toneladas de 2015. Com uma indústria nacional fraca, em grande parte devido à desaceleração da economia, uma fatia maior da safra da pluma deverá ser exportada este ano.

A previsão da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) é de que os embarques em 2016 alcancem 900 mil toneladas. Se confirmada, será o maior volume desde 2012, quando o país embarcou ao exterior 1,1 milhão de toneladas. No ano que passou, as exportações brasileiras da pluma foram de 878 mil toneladas.

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O menor uso de algodão pela indústria têxtil nacional é uma tendência observada há alguns anos. Nos tempos de dólar fraco – o que durou até o início de 2015 -, o segmento foi muito afetado pela importação de vestuário e têxteis da China, o que levou a uma elevada ociosidade do parque fabril. O cenário piorou com a desaceleração da economia desde o ano passado.

As evidências do declínio dessa indústria estão nos números de redução dos postos de trabalho. Conforme o Sindicato das Indústrias de Vestuário e Confecção do Estado de São Paulo (Sindivestuário), em 2015 o segmento fechou 60 mil postos de trabalho no Brasil, reduzindo o número de vagas disponíveis em 4,3% em relação a 2014. A Abit ainda não divulgou seu balanço de 2015, mas já esperava para o ano passado uma redução entre 40 mil e 60 mil postos de trabalho.

O dólar valorizado, que deixa a pluma mais cara no mercado interno, é outro problema para a indústria têxtil nacional, que têm pouca força para repassar a alta de preços ao consumidor final. No mês de janeiro, os preços do algodão subiram 17% no país, conforme referência do indicador Cepea/Esalq.

“Em dezembro, a exportação brasileira de algodão foi até maior do que se esperava, pois a demanda interna não estava acompanhando o efeito do dólar valorizado. Agora em janeiro, a indústria voltou a comprar um pouco mais”, afirmou o presidente da Anea, Marco Antônio Aluísio, sobre a reação vista nos preços no mês passado.

Ele observou, no entanto, que os volumes finais que serão embarcados de algodão em 2016 vão depender do tamanho da safra no Brasil. Nas contas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita, que começa em junho deste ano, deve ser parecida com a do ciclo passado, e chegar a 1,5 milhão de toneladas. No entanto, a safra 2015/16, à qual se refere a previsão da estatal, ainda não terminou de ser plantada e há dúvidas ainda de como se dará a semeadura no maior produtor nacional, Mato Grosso.

A ocorrência de chuvas nas primeiras semanas de janeiro atrapalhou um pouco o cronograma do plantio de algodão no Estado. Mas, nos últimos dias, a situação parece ter se normalizado, segundo boletim divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea). Conforme o órgão, a semeadura atingiu 55,13% da área prevista na última semana de janeiro – era de 38,5% na semana imediatamente anterior.

 

Fonte: Valor Econômico

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