A produção brasileira de grãos na safra 2022/23 pode chegar a 309.9 milhões de toneladas. Quase metade desse volume total é resultado das lavouras de soja, o que representa uma colheita em torno de 151.4 milhões de toneladas, segundo o 6º Levantamento da Safra de Grãos 2022/23, divulgado nesta quinta-feira (9/3) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Se confirmado, o volume de soja a ser colhido nesta temporada será 20,60% superior ao registrado no ciclo anterior, o que aponta uma recuperação na produtividade das lavouras que foram atingidas pelas condições climáticas adversas no período de 2021/22.
“A atual estimativa de produção da oleaginosa aumenta se comparada com o ciclo passado, mas representa uma variação negativa de 1% em relação ao último anúncio da Conab devido à intensificação, em fevereiro, dos danos causados pela estiagem no Rio Grande do Sul. No entanto, essas perdas foram compensadas, em parte, pelos ganhos observados em Tocantins, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul”, disse o presidente da Companhia, Guilherme Ribeiro.
Colheita da soja
A colheita avança em todas as regiões produtoras, com percentuais abaixo quando comparados com a safra 2021/22. Esse ritmo mais lento é explicado por motivos distintos, como o excesso de chuvas, que dificulta o tráfego de máquinas nas lavouras.
Além das precipitações durante a colheita, é preciso lembrar que em algumas áreas o plantio da soja foi realizado de forma tardia, como em determinados locais produtores de Goiás e do Matopiba, enquanto que em outras regiões houve a ocorrência de temperatura mais baixa, o que trouxe impacto no desenvolvimento do grão, alongando o ciclo da cultura.
Milho
Esse atraso traz impactos no plantio do milho segunda safra, que já tem semeada 63,60% da área estimada para a cultura em todo o País. No mesmo período do ano passado, este percentual chegava próximo de 75%. Ainda assim, a Companhia estima um aumento na produção de 11,30% podendo chegar a 95.6 milhões de toneladas.
“É importante destacar que plantar o milho fora da janela ideal pode aumentar os riscos durante o desenvolvimento das lavouras, e não há garantia de como a cultura irá se desenvolver em condições climáticas adversas”, reforça a superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Candice Romero Santos. Já na primeira safra do cereal, a colheita estimada é de cerca de 26.76 milhões de toneladas, 6,90% acima da safra 2021/22.
Algodão
Outra importante cultura de segunda safra, o algodão já está completamente plantado. Houve aumento de 4% na área, totalizando 1.66 milhão de hectares. Com isso, a estimativa é que a colheita da pluma atinja 2.78 milhões de toneladas.
Arroz e feijão
Para o arroz, a produção é estimada em 9.9 milhões de toneladas, 8,40% inferior ao volume produzido na safra passada devido à redução de área, aliada às condições climáticas adversas, sobretudo no Rio Grande do Sul, maior estado produtor. No caso do feijão, a Conab estima uma colheita de 2.92 milhões de toneladas, somando as três safras.
Exportações
Em relação ao mercado externo, a Conab alterou os estoques finais do algodão para 1.53 milhão de toneladas. A atualização ocorre diante do ajuste na expectativa da produção e a manutenção tanto do consumo como das exportações.
O início de ano se mostra lento para as vendas ao mercado externo da pluma, como apontam os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Em fevereiro de 2023 foram exportadas 43.200 toneladas de algodão, um desempenho muito baixo ao se comparar com o mesmo período de 2022, quando foram embarcadas 166.400 toneladas. Ainda assim, o setor segue confiante e vem trabalhando para ampliar as vendas externas, as quais devem chegar próximas de 2 milhões de toneladas.
Já para o milho as exportações seguem em ritmo acelerado, atingindo a marca de 2.28 milhões de toneladas embarcadas, maior volume registrado para o mês desde 2016. A demanda chinesa, em conjunto com a quebra da safra argentina, influencia na maior procura pelo produto brasileiro.
Diante da demanda aquecida, a Conab estima que 48 milhões de toneladas do cereal serão exportadas. Com isso, o estoque de milho em fevereiro de 2024, ou seja, ao fim do ano safra 2022/23, deverá ser de 7.3 milhões de toneladas, mesmo com o aumento da produção no País.
As demais culturas analisadas pela estatal apresentaram ajustes pontuais no quadro de suprimento. Clique aqui e confira as informações completas do 6º Levantamento da Safra de Grãos 2022/2023.