Colheita de grãos deve cair 3,9%

As condições climáticas desfavoráveis nas regiões produtoras de milho safrinha do país levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a reduzir ligeiramente a estimativa para a produção brasileira de grãos e fibras na safra 2017/18. Pela nova projeção, divulgada ontem, a produção deve somar 228.52 milhões de toneladas, 3,9% abaixo do recorde de 2016/17, e 0,5% inferior à estimativa de junho.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também revisou a estimativa para a colheita de grãos na safra que está sendo finalizada. O número do IBGE é um pouco menor que o da Conab. Segundo o instituto, a produção de grãos deve somar 227.9 milhões de toneladas, 0,1% inferior à projeção anterior e 5,3% menor que no ciclo 2016/17.

A Conab cortou a previsão para a safrinha de milho no ciclo 2017/18 em 3,8% na comparação com a estimativa anterior, para 56.02 milhões de toneladas. Em relação ao ciclo passado, quando foram colhidas 67.4 milhões de toneladas de milho safrinha, o volume é 16,9% menor. Segundo a Conab, a redução reflete a falta de chuvas nas regiões produtoras e o plantio fora do período ideal.

Além disso, segundo a Conab, os preços mais baixos do milho prejudicaram o “pacote tecnológico” utilizado nesta safrinha, também com reflexos na produtividade, que caiu 13,3% ante 2016/17, para 4.800 quilos por hectare.

Considerando também o milho semeado no verão, cuja colheita já foi concluída, o Brasil deve produzir no total 82.9 milhões de toneladas na safra 2017/18, uma queda de 15,2% contra as 97.8 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2016/17, segundo a Conab.

Para Guilherme Bellotti, analista sênior de agronegócio do Itaú BBA, a estimativa da Conab para a safrinha ainda é uma das mais otimistas do mercado e pode ser revisada para baixo novamente. Segundo ele, o impacto maior será observado na produção de Mato Grosso do Sul e Paraná, e também deve haver uma queda de produtividade em Mato Grosso que será vista na fase final da colheita.

No levantamento de ontem, a Conab elevou a estimativa para a produção de soja, carro-chefe do agronegócio na exportação, que deve atingir o recorde de 118.89 milhões de toneladas na safra 2017/18. O volume é 0,7% maior que o estimado em junho e 4,2% superior ao da safra passada.

Além disso, houve aumento na área plantada no País entre os dois ciclos, de 33.9 milhões para 35.1 milhões de hectares na safra atual, com ganho de produtividade na cultura. Segundo a Conab, o rendimento médio atingiu o recorde de 3.382 quilos por hectare. No ciclo passado, havia sido de 3.364 quilos por hectare.

“A produtividade desta safra é resultado da aplicação de um bom pacote tecnológico, aliado a precipitações e temperaturas favoráveis, apesar de alguns problemas no Sul do país”, disse a Conab.

A estatal também elevou a estimativa de produção de algodão em pluma, para 1.964 milhão de toneladas. A previsão anterior era de 1.959 milhão de toneladas. O volume estimado é 28,5% maior que o de 2016/17. Conforme a Conab, o resultado se deve ao aumento de 25,2% na área, em função da melhora dos preços, e ao ganho de produtividade de 2,6%.

Outro produto que teve a estimativa de colheita elevada foi o trigo. Segundo a estatal, o Brasil deve produzir 4.9 milhões de toneladas na safra 2017/18. A projeção anterior era de 4.8 milhões de toneladas. Em relação à safra 2016/17, o aumento é de 15%.

O crescimento previsto é fruto do incremento na área de trigo, que deve alcançar dois milhões de hectares (alta de 4,9% em relação ao ciclo anterior). Já a produtividade deve crescer 9,6%, para 2.400 quilos por hectare na atual safra, segundo a Conab.

O IBGE divulgou ainda que a colheita de café na safra 2018/19 deve atingir recorde de 57.3 milhões de sacas – 0,4% superior ao previsto em junho. A Conab estima produção de 58 milhões de sacas.

 

Fonte: Valor Econômico

 

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