As primeiras impressões são de que a safra 2016/17 de laranja no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro será novamente de bons preços aos produtores. Isto porque não há expectativa de produção elevada e os estoques das indústrias podem fechar a temporada atual (em junho de 2016) no nível estratégico de 300.000 toneladas.
As floradas ocorridas em agosto e setembro na maioria dos pomares foram abundantes, já que as plantas produziram pouco em 2015/16, e as condições climáticas favoreceram o “pegamento” das flores. Contudo, em meados de outubro, as elevadas temperaturas causaram abortamento significativo de chumbinhos (alguns já com tamanho semelhante ao de uma azeitona), e praticamente não houve novas floradas, já que o solo estava úmido – para a abertura de flores, é necessário que haja estresse hídrico. Este cenário pode novamente resultar em oferta restrita de laranja e implicar em também nova redução dos estoques das indústrias paulistas.
Cálculos do CEPEA indicam que as indústrias do estado de São Paulo podem iniciar 2016/17 (em 1º de julho/16) com volume estocado próximo de 300.000 toneladas de suco de laranja, em equivalente concentrado. E, no final da próxima temporada (2016/17), esse número pode ser ainda menor. Destaca-se, porém, que o resultado efetivo não depende apenas da produção de laranjas em 2016/17, mas também do rendimento industrial e do desempenho das vendas.
De qualquer forma, com base em fundamentos disponíveis até o início de janeiro, vislumbra-se que, por mais um ano, a demanda industrial pode ser aquecida em uma safra de produção limitada. Se essas estimativas se confirmarem, os produtores podem receber propostas atrativas também na próxima temporada. Vale ressaltar, contudo, que uma parcela dos citricultores já negociou, em 2015, também as laranjas 2016/17. Todo esse cenário deve reduzir a oferta para o segmento in natura, que também pagaria mais ao citricultor.
Na Flórida, o cenário também é de baixa produção de laranjas. Segundo o USDA, a safra 2015/16, que começou em outubro, deve ser de apenas 69 milhões de caixas, 29% menor que a anterior. Este número é o equivalente a metade do produzido há cinco anos e representa a menor produção dos últimos 52 anos. Novas atualizações mensais serão divulgadas até julho de 2016.
A baixa produção da Flórida, por sua vez, pode manter em bons patamares as importações norte-americanas de suco de laranja do Brasil, além de contribuir para a valorização da commodity. Os maiores preços do suco de laranja beneficiam não só as indústrias, mas também os produtores paulistas, já que a definição do preço, na maior parte dos contratos, inclui as cotações do suco no mercado internacional.
No caso da lima ácida tahiti, as previsões são de uma boa colheita no estado de São Paulo durante o pico de safra, previsto para o primeiro trimestre de 2016. A produção pode superar a de 2015, já que as chuvas foram mais constantes e bem distribuídas no segundo semestre do ano passado.
Mesmo com maior oferta, a demanda industrial pode ajudar na sustentação dos preços aos produtores. Caso a procura nas processadoras seja firme e a bons preços, a exemplo dos dois últimos anos, a oferta ao segmento in natura será mais controlada, amenizando a retração nos valores.
Outro fator que pode contribuir para preços firmes da tahiti, mesmo durante seu pico de safra, é o bom desempenho das exportações, que bateu em 2015 o segundo recorde consecutivo. Agentes acreditam na continuação da boa demanda pela fruta, principalmente na Europa, onde a tahiti tem ganhado mercado.
Fonte: Cepea/Esalq