A divisão brasileira da trading chinesa Cofco atrasou a conclusão de uma estação portuária de transbordo orçada em US$ 20 milhões no Sul do Brasil. A informação foi divulgada à Reuters por três fontes, em um momento em que a gigante do agronegócio reorganiza as operações após a combinação de suas empresas Nidera e Noble Agri.
A unidade de transbordo no rio Sinos, que ainda está em construção, deverá movimentar 850 mil toneladas de grãos por ano, com caminhões levando as mercadorias para a unidade, de onde partirão em barcaças até o porto de Rio Grande, e daí exportadas. A estação também receberá trigo importado.
Dois fornecedores disseram que o equipamento e as máquinas compradas pela Nidera Sementes, a divisão responsável pelo projeto, foram fabricadas, mas não entregues a pedido do comprador. “O embarque não ocorreu na data esperada”, disse um fornecedor, se referindo às máquinas compradas para o porto.
Outro informou que as partes estavam discutindo se enviariam o equipamento destinado originalmente àquele projeto para outra unidade da Cofco. A trading, que não respondeu aos pedidos de comentários, concluiu a aquisição da Nidera este ano.
O atraso ressalta a luta da Cofco para criar uma estrutura coesa após investir na trading holandesa Nidera em 2014 e combiná-la à Noble Agri, uma ex-unidade do grupo singapurense Noble Group, para fundar a Cofco Intl em abril passado.
Desde que investiu na Nidera, a Cofco tem enfrentado diversos contratempos, incluindo um rombo financeiro de US$ 150 milhões em suas operações na América Latina e de US$ 200 milhões em perdas de negociações não-autorizadas em sua mesa de biocombustíveis.
Uma pessoa familiarizada com a estratégia da Cofco disse que a trading estava procurando vender ativos no momento em que integrava a Nidera e a Noble e aperfeiçoava as operações.
Os principais fornecedores do projeto portuário incluem a fabricante de silos Kepler Weber e TMSA Tecnologia em Movimentação, uma fabricante de correias transportadoras e máquinas de carregamento de grãos. A Kepler Weber não respondeu a um pedido de comentário.
Orçado em R$ 62 milhões, o projeto tinha a intenção de criar 50 vagas de emprego diretas e 200 indiretas, segundo uma descrição que a Nidera enviou à agência reguladora ANTAQ em 2013.
Documentos da ANTAQ mostraram que a agência concedeu aprovação formal para o projeto em uma área de 140.837 metros quadrados na cidade de Canoas, no Estado do Rio Grande do Sul, em maio de 2016.
A Reuters divulgou em agosto que a Cofco estava considerando vender os negócios de sementes da Nidera na América Latina. Semanas depois, a Cofco disse que iria encerrar as operações em uma planta de processamento de soja no Estado do Paraná.
Fonte: Reuters