China: Importações de soja sobem 14% no ano e fecham 2015 com recorde de 81.7 milhões de toneladas

Nesta quarta-feira (13), a China divulgou seus dados oficiais de exportações e importações em dezembro e surpreendeu positivamente, mais uma vez, o mercado internacional. O relatório da Administração Geral da Alfândega trouxe um inesperado aumento das vendas externas e apenas uma leve baixa, menor do que as projeções do mercado, nas compras do país asiático.

Economistas e especialistas em todo o mundo falam de um novo ciclo de baixas das commodities, com alguns mercados registrando seus índices mais fracos em 25 anos, o que tem trazido ainda mais oportunidades para os chineses, que são os maiores consumidores mundiais de energia, metais e grãos. O resultado? A China comprou, em 2015, um volume recorde de petróleo bruto, minério de ferro, soja e concentrado de cobre.

“Um retorno do crescimento das exportações, após cinco meses de contração, é um sinal tranquilizador, ao lado de outras evidências, de que a economia chinesa não está à beira do abismo”, disse o economista da agência internacional Bloomberg, Tom Orlik.

Dados preliminares sobre as importações de soja mostram que somente em dezembro de 2015, as compras foram de 9.12 milhões de toneladas, apresentando um aumento de 23,41% em relação a novembro e de 7,04% se comparado ao ano anterior. De janeiro a dezembro do ano passado, as importações chinesas de soja alcançaram 81.69 milhões de toneladas, volume que superou em 14,42% o total de 2014. O número é um recorde histórico.

Para a temporada comercial 2015/16 a projeção é de que as importações de soja pela nação asiática cresçam cerca de 2%, de acordo com a projeção do Centro de Informações sobre Grãos e Óleos da China (CNGOIC).

Nesta semana, o Índice de Commodities da Bloomberg registrou seu menor nível desde 1991. Porém, as expectativas são de uma recuperação para os preços diante dessas compras recordes que vêm sendo registradas pela China, as quais se esperam que mantenham e aumentem seu ritmo.

E o sentimento se dá não só pelos números, mas pela série de medidas adotada pelo governo da segunda maior economia do mundo para estimular o crescimento local. Entre as principais ações estão às tentativas de estabilizar o yuan e de ‘atrasar’ a saída de capitais do país. Nesta quarta-feira, o Banco Central manteve estável a taxa referencial da moeda após elevá-la nos últimos dias.

“É inegável que a China aumentou suas compras de uma série de commodities no ano passado, entre outros fatores, por conta do dos preços mais baixos. A questão agora é como se comportarão as vendas daqui em diante”, acredita o analista sênior de commodities Hong Sung Ki, da Samsung Futures, em Seul, na Coreia.

Consumo de alimentos

No setor de alimentos, o cenário econômico, porém, ganha menos peso diante de uma população crescente e em franca mudança de seus hábitos alimentares. Há uma intensa migração para a classe média, com um número que pode chegar a 500.000 pessoas consumindo mais proteína animal e exigindo, consequentemente, mais do setor de alimentação animal. Inclusive, o cenário, que continua promissor, foi um dos protagonistas nesse resultado de importações recordes de soja pela China em 2015.

A demanda por farelo no país é muito forte e as indústrias processadoras ainda contam com margens bastante positivas, o que também favorece as compras. Hoje, a China detém o maior plantel mundial de suínos e está longe de ser autossuficiente na produção de toda a ração que precisa.

Assim, o aumento das importações dos componentes da alimentação animal se dão por conta de uma expansão e comercialização da produção. Um levantamento feito pelo USDA mostrou, no entanto, que o desenvolvimento da indústria alimentar da China ainda fica atrás da crescente demanda da nação por alimentos.

Para Fred Gale, economista sênior da consultoria internacional ERS, a enorme necessidade das importações de soja para a produção de ração já é conhecida pelo mercado, porém, até mesmo as compras de milho, produto em que a China seria autossuficiente, devem aumentar. “Neste ano, mesmo no caso do milho o governo tem conhecimento de que sua produção não é suficiente”, disse em entrevista ao FeedNavigator.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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