CBN: Estagnação vira boa notícia para a economia após retração econômica

O pior já passou, mas o estado de saúde da economia brasileira ainda é delicado e exige cuidados. Em 2017 não vamos continuar afundando, mas vamos permanecer no fundo do poço. Algo que, na comparação com os anos anteriores, já pode ser visto como positivo.

Essa é a avaliação de representantes dos principais setores da economia ouvidos pela reportagem da CBN. A indústria, por exemplo, aposta em um crescimento perto de 1%, mesma estimativa do mercado para o PIB no ano que vem.

Tudo vai por água abaixo, no entanto, se o governo não fizer a lição de casa, como alerta o presidente da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf.

‘Temos tudo para o início de uma recuperação em 2017. Para isso, é necessário que reduza consideravelmente os juros e reapareça o crédito. Essa combinação, somada à votação das reformas estruturais vai retomar a geração de empregos. Mais consumo, mais produção, mais investimento.’

Na construção civil, responsável por empregar 13 milhões de pessoas, o futuro é visto com os pés no chão. O vice-presidente da CBIC, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Adalberto Valadão, estima que o setor vai ficar estagnado em 2017.

‘A nossa estimativa é de crescimento muito próximo de zero. Mas por que o otimismo? Porque estávamos afundando. A partir do momento que você não afunda mais e vai buscar o crescimento, mesmo crescendo zero é muito bom.’

Já o setor de serviços tem dificuldades para enxergar uma melhora significativa em 2017. Com 11,9% da população desempregada, ou 12 milhões de brasileiros, de acordo com os dados mais recentes do IBGE, fica difícil imaginar que vai existir renda para estimular o comércio.

Consequentemente, explica o economista Guilherme Dietze, da Fecomércio, não serão abertos novos postos de trabalho no ano que vem.

‘Na questão do emprego, não deve haver grande aumento das demissões, mas também não devem crescer as admissões. Será um ano em que o comércio e outras atividades vão olhar com cautela e ver o dia a dia da economia.’

O governo federal vem tentando apagar o incêndio com iniciativas, por exemplo, como a liberação do FGTS e a criação do cartão reforma, que concede linhas de crédito para a população reformar a residência.

Mas, segundo o professor do Instituto de Economia da UFRJ, Davi Kupfer, são medidas paliativas e que por si só não resolvem o problema.

‘A medida sobre o FGTS é como cavar no volume morto para arrumar recursos que possam ser bombeados para a economia e motivar uma melhora na disposição de comprar e consumir dos agentes econômicos. É como se o carro estivesse com a bateria arriada e precisasse pegar no empurrão. Mas quem está empurrando não tem força.’

O único setor que respira com tranquilidade, porque está ligado ao mercado externo, é o agronegócio. A Sociedade Nacional de Agricultura estima um aumento de 15% da safra de grãos em 2017, com uma produção de 215 milhões de toneladas.

Crescimento do PIB, controle do emprego, da inflação e da taxa de juros. Os desafios do governo Michel Temer para 2017 são enormes. Mas, ainda segundo os entrevistados, de nada vai adiantar o esforço se um outro problema também não for solucionado: a crise política.

 

Fonte: CBN

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