A variação da taxa de câmbio será o fator determinante da rentabilidade da safra 2016/2017 de soja e milho no Brasil. Foi o que afirmou o sócio da Agroconsult, Andre Pessôa, durante o seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2017 e 2018, promovido pela BM&F, em São Paulo (SP).
Durante painel que discutia o mercado de commodities agrícolas, Pessôa lembrou que a recente valorização do dólar, cuja cotação chegou perto de R$ 3,40, levou a uma retomada nas vendas de grãos, mas a comercialização continua lenta em relação à safra passada. Mesmo com a queda nos preços em Chicago, o câmbio possibilitou uma melhora nos valores em reais, estimulando os negócios.
Na avaliação do consultor, uma cotação do dólar acima de R$ 3,20 possibilitaria exportações de 61 milhões de toneladas de soja e de 35 milhões de toneladas de milho. Esses números poderiam ser atingidos mesmo com preços abaixo de US$ 9,50 o bushel da oleaginosa e de US$ 4,00 o bushel do cereal.
“O dólar mais perto de R$ 3,00 inibe a rentabilidade e deixa a margem estreita. Quanto maior for o cotação do dólar, mais vai acelerar a exportação. A rentabilidade é positiva para a soja e o milho”, disse Andre Pessoa, que acredita em valorização do dólar nos próximos meses, “contaminado” pelo cenário político.
Pessôa disse ainda que o momento atual é de pressão de oferta de soja. Só as lavouras brasileiras, nas estimativas da Agroconsult, produziram 115 milhões de toneladas.
O consultor disse, no entanto, que a demanda por soja também aumentou. No último ano, esse crescimento foi de 20 milhões de toneladas, o que ajudou, em certo momento, a manter os preços internacionais próximos dos US$ 10,00 o bushel na bolsa de Chicago.
Atualmente, os principais contratos futuros de soja na Bolsa de Chicago estão abaixo dos US$ 9,20 o bushel. Os de prazo mais curto estão com preços abaixo de US$ 9,15. Na avaliação de André Pessôa, a trajetória dos preços internacionais depende dos rumos da safra norte-americana 2017/2018, em fase de plantio.
“Esse ano, o clima está próximo da normalidade. Tem uma indicação de replantio de milho em algumas regiões. Podemos esperar produtividades menores nos Estados Unidos e isso reduz a oferta no segundo semestre”, disse ele.
Fonte: Globo Rural