Café: colheita semimecanizada é solução para safras futuras, atestam produtores

Os desafios com a falta de mão de obra levam cafeicultores de Rondônia a procurarem por novas tecnologias e a colheita semimecanizada do café canéfora (conilon e robusta) torna-se uma opção vantajosa pela redução de custos e a promoção da qualidade do café colhido.

“Esse ano já colhi com a máquina e tive uma redução do custo de 62%. Para ter uma ideia, ano passado precisei contratar 80 pessoas para a colheita e esse ano, com uma máquina, trabalhamos com 12”, comemora o cafeicultor Júlio César Mendes, de Nova Brasilândia D’Oeste, Estado de Rondônia.

Ele conta que ainda tem mais benefícios: é possível fazer a poda junto com a colheita, reduzindo tempo e sem deixar a planta passar por estresse, assim como possibilita deixar o fruto madurar no pé, já que pode programar melhor o tempo da colheita.

“Antes, uma colheita podia levar até 30 dias, a gente não sabia quando poderia contar com as pessoas para colher, e hoje a gente faz com até oito dias, aí pode colher o fruto no tempo certo, sem risco de perder a lavoura e ganhando até mais com isso”, complementa Júlio, que é produtor de café há 17 anos.

Hoje, com a venda de café com mais qualidade, ele também afirma estar ganhando até 15 reais a mais por saca na venda. Além disto, ele utiliza a máquina para fazer a colheita de seus vizinhos e também ganha dinheiro com isso. “Já quitei minha máquina”, revela.

O caso de Júlio não é mais isolado. Outros pequenos cafeicultores de Rondônia estão apostando nesta tecnologia. Sozinhos ou em grupos, eles estão adquirindo as máquinas de colheita semimecanizada de café e tornando o processo mais eficiente e lucrativo. O senhor Edimar Flegler, cafeicultor da região de Cacoal, conta que este ano também iniciou a colheita com a máquina, que é de seu cunhado.

 

MELHORIAS

“Melhorou em vários aspectos: diminuiu o tempo da colheita em mais de 60%; conseguimos colher uma quantidade bem maior de café para poder secar de uma vez, sem deixar ensacado e perdendo qualidade; e a gente pode colher só em família, sem mão de obra de fora”, afirma Edimar. Segundo ele, o desafio agora é conseguir vender o café com um preço maior pela qualidade agregada, o que não está ocorrendo ainda na maioria das regiões.

De olho nos cafeicultores que já estão utilizando a colheita semimecanizada do café, Milton Caffer quer adotar esta tecnologia para a próxima safra. “O que me chama a atenção é a facilidade da colheita e a redução dos custos. Então, eu estou muito atento este ano para conhecer bem isso para ano que vem colocar na minha lavoura”, comenta. Assim como Milton, Edimar e Júlio, outros 200 cafeicultores participaram do Worshop de Colheita Semimecanizada de Café Canéfora, realizado no dia 14 de julho, em Ouro Preto do Oeste, para obterem mais informações sobre este processo e verem na prática as máquinas em funcionamento.

 

CONILON E ROBUSTA

As máquinas recolhedoras e trilhadoras do café são baseadas no sistema de podas e renovação anual e/ou periódicas das lavouras. Assim, os ramos provenientes das podas, ainda contendo os frutos, são colocados sobre lonas nas linhas de café, essas lonas são recolhidas mecanicamente e os ramos produtivos são trilhados.

Esta forma de colheita semimecanizada possui grande potencial por utilizar máquinas mais compactas e de menor custo, além de não exigir a obrigatoriedade da adequação espacial das lavouras de café.

 

Fonte: Embrapa Rondônia

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