Brasil deve exportar mais milho em 2016

Embarques brasileiros de milho podem superar as 32 milhões de toneladas, bem acima das 28 milhões previstas pela Conab para a atual safra 2015/16, e das 27.2 milhões de toneladas de 2014/15. Foto: Divulgação
Embarques brasileiros de milho podem superar as 32 milhões de toneladas, bem acima das 28 milhões previstas pela Conab para a atual safra 2015/16, e das 27.2 milhões de toneladas de 2014/15. Foto: Divulgação

A influência de fatores como câmbio e prêmios de exportação favoráveis deve exercer papel fundamental na elevação das vendas externas de milho pelo País em 2016, previu a Agroconsult. “O Brasil será bastante agressivo nas exportações”, projetou Marcos Rubin, sócio da consultoria, em entrevista coletiva.

Nas contas da Agroconsult, os embarques brasileiros de milho poderão superar as 32 milhões de toneladas, bem acima das 28 milhões de toneladas previstas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a atual safra 2015/16, e das 27.2 milhões de toneladas de 2014/15.

A Agroconsult estima que a safra total de milho totalize 88.5 milhões de toneladas, 3,6% acima de 2014/15. Desse volume, 28.5 milhões devem vir na primeira safra e 60 milhões na segunda (a “safrinha”).

A alta do dólar tem ajudado a compensar as cotações em baixa do milho na bolsa de Chicago, deixando atraentes os preços para a venda futura no Brasil e incentivando o plantio da safrinha — que começará no início de 2016.

Segundo Rubin, os preços da saca de milho no entorno da rodovia BR-163, que corta Mato Grosso (maior produtor nacional de grãos), estão na casa de R$ 17,00. No mesmo período do ano passado, oscilavam entre R$ 11,00 e R$ 12,00 e chegaram a ficar até aquém disso em anos anteriores. “A antecipação de negócios está maior que no passado. Estimamos que 30% a 40% da safrinha já esteja vendida”, disse o analista.

Ainda assim, a Agroconsult reafirmou que o milho deve seguir perdendo área para a soja no verão, em função das perspectivas de rentabilidade. “Nos últimos anos, a soja veio acima de 2,8 vezes mais cara que o milho, e essa relação deve ficar em 2,9 vezes em 2015/16”, previu Rubin. O plantio da primeira safra de milho no Brasil alcançou até a última sexta-feira 55% da área prevista, à frente dos 49% de um ano atrás.

Para a safra 2015/16 de soja, cuja semeadura está em andamento no País, a Agroconsult espera uma produção 4,5% maior, em relação ao ciclo passado, de 100.6 milhões de toneladas. O número está em linha com o estimado pela Conab.

Na avaliação de Rubin, o elevado custo de produção (turbinado pelo dólar mais caro) e os problemas de endividamento não devem impedir a soja de registrar um novo recorde no Brasil, com mais um salto de área — ainda que esse ritmo de expansão venha perdendo ímpeto nos últimos anos.

A consultoria prevê uma elevação de um milhão de hectares ante 2014/15, para 33.1 milhões de hectares. “Quando olhamos a rentabilidade, claramente poderíamos indicar uma intenção de plantio maior. Mas por mais que tenha renda e capacidade de investimento, o produtor é naturalmente afetado pelo ambiente econômico [negativo] que o país está vivendo”, disse.

A Agroconsult calcula que, até a última sexta-feira, 16 de outubro, 14% da área prevista para a soja estava semeada no País, um pouco à frente dos 11% do mesmo momento de 2014, quando o período seco se estendeu mais que o normal. “Este ano, a escassez de chuvas também tem causado temor na região central do País. Mas, por enquanto, não vemos motivo de preocupação sob o ponto de vista da produtividade da soja, nem sobre o possível atraso no plantio do milho safrinha [feito na sequência da colheita da oleaginosa]”, adiantou Rubin.

No que diz respeito aos preços da soja, o analista afirmou que as atuais cotações já precificam a abundante colheita que o Brasil, segundo maior produtor global da oleaginosa, deverá ter na atual safra 2015/16. “Os preços já capturam um cenário de 100 milhões de toneladas de soja vindas do Brasil”, disse.

A consultoria trabalha com uma perspectiva de soja à média de US$ 9,00 o bushel para 2015/16, mesmo patamar em que a oleaginosa se encontra hoje na bolsa de Chicago. Segundo Rubin, os produtores brasileiros estão muito competitivos com a soja a esse valor. “Está remunerando o produto e deixando margem dentro de casa”, afirmou.

O analista reitera que os americanos têm sofrido mais que os brasileiros com os preços em baixa da soja, uma vez que o efeito cambial vem favorecendo os produtores do Brasil. “Nosso preço [pago ao agricultor] em reais está 8% a 10% maior em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o dos americanos caiu 20%”, comparou.

Para Rubin, essa maior competitividade pode levar a soja brasileira a abocanhar um pouco mais de mercado dos EUA nas exportações da oleaginosa. A expectativa da Agroconsult é que o Brasil encaminhe ao exterior em torno de 54 milhões de toneladas de soja em 2015/16 — foram 50.8 milhões no ciclo anterior, conforme a Conab. “Os EUA devem manter suas 50 milhões de toneladas ou até diminuir um pouco”, estimou.

 

Fonte: Valor Econômico

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